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Dívida externa ou interna?

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Por Redação
Atualização:

A Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi) teve uma emissão líquida (colocação menos resgate) de R$ 16,598 bilhões em julho. A oferta pública de títulos foi de R$ 33,6 bilhões (R$ 26,3 bilhões, em junho) e as emissões diretas "sem financeiro" (não acompanhadas de um pagamento), de R$ 25 bilhões (R$ 26,2 bilhões, em junho). As emissões de junho não tiveram seu destino explicado, mas em julho os recursos foram para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Com essas emissões o estoque da DPMFi aumentou 1,95%, pois há que acrescentar R$ 11,4 bilhões de juros apropriados à dívida - valor que, nos sete primeiros meses do ano, variou de R$ 9,7 bilhões a R$ 14,9 bilhões. Isso é consequência da redução do superávit primário, usado para pagar parte dos juros sobre a dívida. Portanto, o superávit primário que o governo usa para gastar mais resulta em aumento da dívida com efeito duradouro. Cabe ao Tesouro pagar os juros sobre o estoque da dívida: em julho, o custo médio da DPMFi ficou em 12,27%. Esse custo está diminuindo em razão da redução dos indexadores (Selic, índice de preços, câmbio), mas é uma redução muito lenta. Por outro lado, o Tesouro, que preferiria ter sempre noção do custo da sua dívida, emitindo títulos prefixados, encontra hoje certa resistência para colocá-los. Nas emissões de julho, eles representaram 36,3% do total, ante 56% de papéis indexados à Selic, o que parece indicar que os investidores apostam numa elevação da taxa básica de juros... No estoque da DPMFi, que atingiu R$ 1,371 trilhão no final de julho, os papéis com vencimento nos próximos 12 meses representam 28,2% do total.Trata-se, portanto, de uma dívida de curto prazo, segundo os critérios internacionais. De fato, o prazo médio da dívida é de 3,4 anos (ante 5,67 anos para a dívida externa, que está diminuindo, apesar de o Brasil dispor de reservas muito superiores a seus compromissos com o exterior). Essa situação deveria levar as autoridades monetárias a reverem a forma de administração da dívida. Seria certamente necessário, nesta atual conjuntura, dar preferência ao endividamento externo, com juros menores e prazos maiores. Parece que o Tesouro tem receio de encontrar uma resistência dos investidores estrangeiros que, na realidade, compram títulos domésticos - que oferecem maior remuneração -, contribuindo assim para consolidar o processo de valorização contínua do real ante o dólar.

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