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Dívida federal sobe para R$ 1,19 tri

Aumento foi de 9,63% no primeiro semestre, apesar da queda da Selic

Foto do author Adriana Fernandes
Por Adriana Fernandes , Fabio Graner e
Atualização:

Mesmo com a queda da Selic, a dívida interna do governo federal em títulos subiu R$ 105 bilhões no primeiro semestre, alcançando R$ 1,19 trilhão em junho, um alta de 9,63% ante o fim de 2006. Mais da metade desse crescimento (R$ 68,65 bilhões) decorre do impacto direto dos juros no total da dívida. O restante reflete a decisão do Tesouro Nacional de emitir mais títulos do que os que venceram no período. Em junho, a dívida aumentou R$ 24,99 bilhões, sendo R$ 11,03 bilhões por conta dos juros. Apesar do forte aumento nos primeiros seis meses de 2007, a dívida interna permanece dentro das estimativas feitas pelo governo no Programa Anual de Financiamento (PAF), que estipula a estratégia de administração do endividamento. O PAF prevê um teto de R$ 1,3 trilhão até o fim do ano. A dívida total, que inclui a externa, alcançou R$ 1,32 trilhão em junho, de acordo com balanço mensal divulgado ontem pelo Tesouro Nacional. Segundo o coordenador de Operações da Dívida Pública do Tesouro, Guilherme Pedras, o custo da dívida vem caindo com a redução da Selic, mas esse processo é gradual. ''''O custo médio mensal vem se reduzindo gradativamente'''', observou. Pelos dados do Tesouro, o custo médio da dívida interna acumulado em 12 meses caiu de 14,82%, em dezembro de 2006 ,para 13,66% em junho. A Selic está hoje em 11,50% ao ano. Além do impacto dos juros, a dívida também tem aumentado com a estratégia do Tesouro de fazer emissões líquidas de títulos, ou seja, vender mais papéis do que resgatar. Um das razões dessa política é manter dinheiro em caixa para enfrentar turbulências no mercado, como as que ocorreram ontem, que levaram o Tesouro a suspender o leilão de títulos prefixados. Em junho, houve emissão líquida de R$ 13,9 bilhões. ''''Temos de ser previdentes'''', disse o coordenador de Controle da Dívida Pública, Antônio Pádua Ferreira Passos. Segundo ele, essa emissão serviu para fazer caixa para julho, quando há concentração de vencimentos de títulos: R$ 50 bilhões. A parcela da dívida vinculada à Selic caiu de 37,83% em dezembro para 34,06% no fim do primeiro semestre, com a estratégia do Tesouro de retirar esses papéis de maior risco do mercado. Já a participação dos títulos prefixados - considerados mais adequados para administração da dívida - subiu no mesmo período de 36,13% para 38,71%. A fatia dos papéis atrelados à índices de preços, também estimulados pelo governo, chegou em junho a 23,88%. Os títulos prefixados e vinculados a índices de preço já correspondem, juntos, a 62,59% do total. No passado, a maior parte da dívida era composta por títulos vinculados à Selic. Por isso, a cada elevação da taxa, o estoque tinha aumentos substanciais, deixando a dívida muito vulnerável às decisões de política monetária do Banco Central. Com a melhora no perfil da dívida, o foco agora é torná-la mais longa e menos suscetível às flutuações de curto prazo. Com isso, o prazo médio de emissões da dívida deu um salto no primeiro semestre: de 36,4 meses em dezembro para 51,94 meses em junho. Esse aumento reflete a venda de títulos indexados ao IPCA, que têm prazos maiores. Apesar disso, o aumento do prazo médio subiu apenas de 31,06 para 34,43 meses.

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