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Dívida mobiliária cai em abril com elevação dos juros

Por ISABEL VERSIANI
Atualização:

A escalada dos juros no mercado futuro em meio à piora do cenário inflacionário contribuiu para uma redução da dívida doméstica do governo federal e para uma piora do perfil dos vencimentos em abril, afirmou o Tesouro Nacional nesta terça-feira. A elevação da confiança do investidor estrangeiro no Brasil nos últimos meses, por outro lado, afetou a estratégia do Tesouro de recomprar títulos da sua dívida externa. A dívida mobiliária interna caiu 2,5 por cento e somou 1,218 trilhão de reais no mês passado. O movimento refletiu um resgate líquido de 43 bilhões de reais em papéis da dívida, que compensou parcialmente a apropriação de juros de 11,6 bilhões de reais no mês. O coordenador-geral da Dívida Pública, Guilherme Pedras, afirmou que, diante da elevação dos juros, o Tesouro optou por reduzir a emissão de títulos ao longo de um mês em que os resgates já tendem a ser elevados diante da concentração de vencimentos. "Ao longo do mês, as taxas de juros se elevaram e o Tesouro optou por fazer leilões mais conservadores", afirmou Pedras a jornalistas. As emissões do Tesouro somaram 27 bilhões de reais, com concentração nos papéis atrelados à taxa Selic (47 por cento). A parcela do estoque dos papéis prefixados, considerados melhores para o gerenciamento da dívida, caiu de 36,26 por cento em março para 34,0 por cento em abril. No mesmo período, a participação dos papéis atrelados à Selic sobre o total aumentaram de 36,51 para 38,41 por cento e os corrigidos por índices de preços subiram de 27,39 para 27,63 por cento. A dívida cambial ficou negativa em 2,17 por cento em abril, ante 2,24 por cento em março. O estoque da dívida fechou o mês com prazo médio de 41,65 meses, ante 40,26 meses em março. PROGRAMA DE RECOMPRA DESACELERA O Tesouro informou, ainda, que em março e abril foram recomprados títulos da dívida federal externa no valor de 278,6 milhões de reais (valor de face). O número é bem inferior às recompras feitas no primeiro bimestre, de 629 milhões de reais. Pedras afirmou que o comportamento refletiu uma elevação dos preços dos papéis brasileiros em meio a um aumento da confiança dos investidores com o país, tendência que tende a ser reforçada com a concessão do grau de investimento no final de abril. Ele acrescentou que, com a continuidade do programa de recompra, a tendência é que caia o estoque de papeís brasileiros em oferta. "O investment grade faz com o que o investidor fique mais confortável com a sua posição em Brasil", disse Pedras. "É possível que isso tenha feito o investidor diminuir a oferta de títulos para o Tesouro". Ele argumentou que a emissão feita pelo Tesouro no início deste mês --525 milhões de dólares em bônus com vencimento em 2017-- pode abrir espaço para que investidores recomponham seus ativos em Brasil. O programa de recompra do país tem como objetivo melhorar o perfil da dívida do país, com o cancelamento de papéis de baixa liquidez e avaliados como caros para o Tesouro.

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