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Dívida pode chegar a 80% do PIB em 2018, alerta Banco Central

Para agências de classificação de risco, esse nível de endividamento em economias emergentes indica um quadro de ‘descontrole’

Foto do author Adriana Fernandes
Por Adriana Fernandes e Fernando Nakagawa | BRASÍLIA
Atualização:

Um dos principais indicadores da sustentabilidade das contas públicas está perto de atingir um limite perigoso. Ontem, o Banco Central anunciou que a dívida bruta do País deve fechar o próximo ano com valor bem perto de 80% do Produto Interno Bruto (PIB). Agências de classificação de risco entendem que esse patamar indica quadro de descontrole da dívida para economias emergentes com o perfil como o do Brasil. 

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Projeções apresentadas ontem pelo BC indicam que a dívida bruta deve crescer mais de 5 pontos porcentuais nos próximos meses ao passar de 74,4% do PIB em novembro para 79,8% no fim de 2018. “Não precisamos chegar a 80% da dívida para entender que ela precisa ser reduzida”, reconheceu o chefe-adjunto do Departamento de Estatística do BC, Renato Baldini. “É ruim para a economia e para a percepção dos investidores”.

Baldini evitou comentar se a nova previsão prejudica a nota dada pelas agências de classificação ao Brasil. Atualmente, há uma percepção de que o País corre risco de novo rebaixamento pelo adiamento da votação da reforma da Previdência. Há especial expectativa em relação ao posicionamento da Standard & Poor’s, depois de a agência ter colocado perspectiva negativa na nota do Brasil em agosto. Com esse viés e com piora do cenário, o rebaixamento é o próximo passo. 

Apesar de flertar com o patamar simbólico, o BC disse que há possibilidade de a dívida crescer menos. Se o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) devolver ao Tesouro Nacional, no ano que vem, R$ 130 bilhões por empréstimos tomados no governo Dilma Rousseff, o BC acredita que a dívida cresceria menos, para 78% do PIB. O cenário é melhor, mas a dívida continuaria em alta.

O Itaú Unibanco avaliou em relatório que a dinâmica da dívida continua “desfavorável”, o que reforça a “extrema importância” das reformas. “A reforma previdenciária será essencial para a dinâmica da dívida, revertendo a atual tendência de alta”, comentou o banco. 

Folga.  Enquanto o horizonte de 2018 parece preocupante, o curtíssimo prazo revela uma curiosa “folga” de R$ 84,8 bilhões para o governo gastar em dezembro de 2017. Apesar de as contas continuarem no vermelho com rombo de R$ 78,26 bilhões no ano até novembro, o resultado está ainda longe da meta para o ano, de déficit de até R$ 163 bilhões para o setor público consolidado – governo federal, Estados, municípios e algumas estatais.

Ou seja, o governo tem espaço para fechar com um déficit de quase R$ 85 bilhões no último mês do ano. Como a diferença é grande, a expectativa do governo e de analistas é a de que as contas podem fechar 2017 com desempenho melhor que o previsto. O governo conta com esse cenário para mostrar às agências de classificação que a política fiscal está em situação mais favorável, apesar dos reveses no Congresso.

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