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Divórcio ameaça fusão de farmácias

Briga de casal dono da Ultrafarma pode embolar conversas com Pague Menos

Por David Friedlander
Atualização:

Um divórcio mal resolvido pode embolar as conversas sobre uma eventual fusão bilionária entre as redes de farmácias Pague Menos e Ultrafarma, que ainda estariam em estágio inicial. Os advogados de Áurea Lima, ex-mulher de Sidney Oliveira, da Ultrafarma, vão questionar a suposta negociação na Justiça. Já divorciado, o casal ainda briga pela divisão dos bens e até outro dia Áurea tentava afastar Oliveira do comando da empresa.

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Ainda sócia da Ultrafarma, com 90% das ações em seu nome, Áurea quer que a Justiça faça o ex-marido dar informações sobre as tais conversas entre as duas empresas. "Para ela essa história é uma surpresa. Como o casal está em litígio por causa da partilha dos bens, vamos pedir que Oliveira informe o que está fazendo", afirma José Diogo Bastos, advogado de Áurea.

Bastos recusou-se a comentar a briga do casal, porque o processo corre em segredo de Justiça na 2ª Vara da Família do Fórum Central de São Paulo. Mas disse que vai entrar com a representação na semana que vem, depois do recesso forense.

As informações de que Sidney Oliveira e Francisco Deusmar de Queirós, dono da Pague Menos, teriam iniciado conversas para avaliar uma fusão entre as duas empresas surgiu no fim do ano passado. Imediatamente, chamou a atenção de empresários e executivos do setor.

Num momento em que as grandes redes de farmácias estão se juntando ou comprando umas às outras para ganhar escala, a fusão da Pague Menos (faturamento anual de R$ 2,8 bilhões) com a Ultrafarma (R$ 400 milhões de receita por ano) garantiria a terceira posição no ranking do setor, atrás da DPSP (união das drogarias Pacheco e São Paulo) e da Raia Drogasil.

Procurada, a assessoria de imprensa da Pague Menos negou que as empresas estejam negociando algum acordo. Os assessores da Ultrafarma disseram que Oliveira está fora do País, não tinham como checar as informações e a empresa não comentaria especulações de mercado, muito menos o problema do empresário com a ex-mulher.

Disputa. Os rumores sobre a negociação jogaram mais lenha na fogueira de uma briga que se arrasta há anos nos tribunais. Divorciados desde 2009, Áurea e Oliveira não conseguem se entender sobre a divisão do patrimônio formado durante 18 anos de vida conjugal, período em que construíram a Ultrafarma e compraram muitos imóveis.

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De acordo com pessoas próximas do casal, Áurea quer vender sua parte na empresa ao ex-marido e ficar com metade dos imóveis. Mas ela acha que Oliveira quer pagar menos do que as ações valem e não concorda com os imóveis que ele oferece.

Os advogados de Áurea já se queixaram à Justiça de dificuldades para conseguir informações internas da Ultrafarma. Um perito nomeado pela Justiça teria relatado o mesmo problema em relatório. Por conta disso, no ano passado Áurea pediu à Justiça o afastamento do ex-marido e sua substituição por um administrador escolhido pelo juiz que cuida do caso. O pedido não foi aceito.

Em 2009, depois de uma briga com a ex-mulher, Oliveira publicou um anúncio de meia página nos jornais anunciando que ia deixar a Ultrafarma em razão "de problemas societários". No dia seguinte, voltou atrás.

O empresário criou a Ultrafarma a partir do zero e transformou a empresa num sucesso de venda de medicamentos por telefone e pela internet. Com forte exposição na mídia, patrocínio e produção de programas de TV, aproximou-se de artistas e políticos e conseguiu projeção para sua empresa. Menor do que as gigantes que começaram a se formar com as fusões do ano passado, a Ultrafarma poderia ser a porta de entrada da Pague Menos, muito forte no Nordeste, no cobiçado mercado paulista.

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