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‘Do lado fiscal, a foto é ruim, e as perspectiva são horrorosas’

Ex-vice-presidente do BankBoston e responsável pelo family office de Joseph Safra capta recursos externos para fundo multimercado

Foto do author Cristiane Barbieri
Por Cristiane Barbieri (Broadcast)
Atualização:

Em operação há um ano, a Ethica Asset Management abriu recentemente as captações externas para seu fundo macro multimercado. Criada por Ricardo Gallo, ex-vice-presidente do BankBoston e responsável pelo family office de Joseph Safra e Sergio Gabriele, ex-Boston e ex-Kinea, a gestora traça grandes temas macroeconômicos e usa instrumentos e ativos, como derivativos, títulos e ações, atrás da rentabilidade, segundo seus cenários. A seguir, Gallo dá sua visão sobre a economia.

Ricardo Gallo, sócio da Ethica Asset Management Foto: Fernando Witcoske

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Os srs. começaram o fundo com o tema “melhoria do quadro brasileiro e queda do risco país” e mudaram para “deterioração gradual do risco país”. Há risco de piora nesse cenário?

Sim, em função do quadro político e do impacto que ele pode ter. Nos últimos tempos, o País foi ajudado por uma procura forte por mercados emergentes. Mas isso pode acabar quando o Fed (Banco Central dos EUA) começar a subir taxas de juros. Não é um risco pequeno.

O sr. acredita que reformas são inevitáveis?

A origem do problema é fiscal e, desse ponto de vista, a foto é ruim, o filme é péssimo e as perspectivas, horrorosas. Isso, se nada for feito. Há reformas microeconômicas, como a trabalhista, importantes, mas pouco essenciais no curto e no médio prazos. O essencial é limitar o crescimento dos gastos públicos, como propõe a reforma da Previdência.

A reforma da Previdência proposta vai resolver o problema?

Não. Idade mínima e regra de transição são essenciais, mas é preciso reduzir privilégios e indexação de pensões ao salário mínimo. É improvável que se passem dois ou três anos sem aumento da carga tributária. Com crescimento da dívida pública, o cenário fiscal será insustentável. A estabilidade é falsa.

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Candidatos discutirão alta de imposto nas eleições?

Será preocupante se algum dos candidatos negar a realidade fiscal. Não prometerão sangue, suor e impostos, mas terão de deixar claro que é preciso reduzir despesas e aumentar a carga.

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