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Dobra a chance de a inflação superar a meta em 2010, diz BC

No relatório de dezembro de 2009, a possibilidade de o IPCA ultrapassar este patamar era de 7% e tida como 'desprezível'

Por Fabio Graner , Fernando Nakagawa e da Agência Estado
Atualização:

Aumentou a possibilidade de a inflação ultrapassar o teto da meta de inflação em 2010, que é de 6,5%, conforme projeção divulgada nesta quarta-feira pelo Banco Central no Relatório Trimestral de Inflação (RTI). Segundo o documento, a possibilidade de o IPCA superar este patamar este ano no cenário de referência, considerando os juros constantes de 8,75% e cotação do câmbio em R$ 1,80, está atualmente em 13%. No relatório anterior, de dezembro de 2009, a possibilidade era de 7% e avaliada como "desprezível" no documento. Este termo foi retirado do relatório divulgado nesta quarta-feira. O BC incluiu pela primeira vez a probabilidade de estouro da meta em 2011, que é de 17%.

 

No cenário de mercado, que leva em conta as estimativas dos analistas para o comportamento da Selic e do câmbio, a possibilidade de o IPCA superar o teto da meta em 2010 é atualmente de 10%. Em dezembro do ano passado, o número estava em 9%. Para 2011, a primeira estimativa sobre as chances de estouro da meta indica 16%.

 

BC eleva estimativa do IPCA em 12 meses

 

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O Banco Central elevou a estimativa para IPCA em 12 meses para todos os trimestres a partir deste terceiro trimestre de 2010. As previsões constam do Relatório Trimestral de Inflação no cenário de referência, que leva em conta a manutenção da Selic em 8,75% e a taxa de câmbio em R$ 1,80 em todo o horizonte da previsão.

 

Para os 12 meses encerrados no primeiro trimestre de 2010, a previsão para o IPCA subiu de 4,6% para 5,1%. Para igual período encerrado no segundo trimestre de 2010, a previsão aumentou de 4,3% para 4,9%. Em igual trajetória, a estimativa de inflação acumulada em 12 meses até o fim do terceiro trimestre deste ano avançou de 4,4% para 5%. Em todos estes casos, o BC trabalha com IPCA em 12 meses acima do centro da meta de inflação de 4,5%.

 

Para 2011, a trajetória das expectativas em 12 meses foi idêntica. A estimativa para a inflação até o fim do primeiro trimestre do próximo ano subiu de 4,4% para 4,7%. Para o trimestre seguinte, o ajuste foi de 4,3% para 4,4%. Para o terceiro trimestre de 2011, a expectativa avançou de 4,5% para 4,7%.

 

No relatório, o BC incluiu pela primeira vez a expectativa de IPCA acumulada em 12 meses até o fim do primeiro trimestre de 2012, que, na avaliação do BC, deve ser de 5,1%.

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Demanda mantém inflação de serviços acima de preços livres

 

O Banco Central avalia que a forte demanda interna tem aumentado mais os preços de serviços que os demais itens da economia. Na página 84 do Relatório Trimestral de Inflação, os membros da diretoria do Banco Central afirmam que "evidenciando a robustez da demanda doméstica, a inflação do setor de serviços vem se mantendo em patamar bem superior à dos preços livres". O documento observa que a inflação de serviços foi de 6,23% nos 12 meses encerrados em fevereiro. No mesmo período, a inflação de preços livres aumentou 4,77%.

 

O documento repete a avaliação feita na ata de março do Comitê de Política Monetária (Copom) de que, diante da perspectiva de continuidade da contribuição negativa do cenário externo no Produto Interno Bruto brasileiro, o colegiado "considera que o fator chave para a sustentação da atividade econômica continuará sendo a demanda doméstica".

 

"De modo geral, a robustez da demanda doméstica e do emprego, contribuíram sobremaneira para a diminuição das incertezas macroeconômicas, ajudando na rápida e consistente recuperação da economia", resume a autoridade monetária.

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