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Doha já pode avançar, diz representante dos EUA

EUA estão dispostos a negociar corte de subsídios internos à agricultura se outros países oferecerem acesso suficiente a mercados para equilibrar resultado

Por Agencia Estado
Atualização:

Há condições para um progresso real nas negociações globais de comércio, disse na quinta-feira a representante dos Estados Unidos para Comércio Exterior, Susan Schwab. Os Estados Unidos, segundo ela, estão dispostos a negociar o corte de subsídios internos à agricultura, se outros países oferecerem, como contrapartida, "suficiente acesso a mercados para garantir equilíbrio no resultado". A principal negociadora americana mostrou cauteloso otimismo quanto à miniconferência ministerial marcada para sábado de manhã, em Davos, em novo esforço para desencalhar a Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC). O chanceler brasileiro, Celso Amorim, chegou na quinta-feira à noite para o encontro. O diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, o comissário de Comércio da União Européia, Peter Mandelson, e mais 25 ministros deverão comparecer. A Rodada Doha, lançada em 2001, envolve 150 países. "A questão-chave", segundo Susan Schwab, "é a seguinte: que podemos realizar de substantivo em termos do processo que adotaremos para avançar a partir de agora?" Estados Unidos, Brasil e União Européia têm-se envolvido em conversações bilaterais com vários parceiros, lembrou a secretária. O negociador brasileiro Roberto Azevedo esteve nos Estados Unidos e na Índia nos últimos dias. "Esperamos que em algum momento possamos juntar tudo e ver o contorno, o formato daquilo que poderá ser um avanço [na Rodada]", disse Schwab. Mas ela prefere não definir um prazo, "porque a Rodada Doha já teve muitos". Admite, no entanto, haver agora um sentimento de que as coisas podem avançar. "Podemos tentar construir com base nisso e alcançar um resultado nos próximos meses", disse ela. Resistência indiana "Não penso que haverá um resultado decisivo aqui, mas estamos em condição de fazer um progresso real nas conversações - que estão ocorrendo nos bastidores - sobre quotas tarifárias, tratamento de produtos sensíveis e produtos especiais e sobre como cuidar de subsídios internos causadores de distorções comerciais." Para a negociadora americana, "o Brasil está tentando ser um líder muito construtivo na rodada". Segundo ela, o Brasil deve aproveitar a sua liderança no Grupo dos 20 (G-20) para atrair a Índia e outros países a um maior engajamento nas negociações. A Índia reluta em abrir mercado à importação de produtos agrícolas, embora defenda, como membro do G-20, a liberalização da política agrícola da UE e dos EUA. As negociações, lembrou Schwab, tratam de abertura dos mercados de bens industriais, serviços e produtos agrícolas. "Em agricultura, estamos falando de subsídios internos, subsídios à exportação e acesso a mercados. No G-20, todos concordam quanto aos subsídios internos, mas há divergências quando se trata do acesso a mercados agrícolas, e diferenças até maiores quando o assunto é o acesso a mercados de bens industriais e de serviços." O Brasil, segundo Schwab, pode exercer uma liderança crucial em busca de entendimento sobre esses temas. No dia anterior, a primeira-ministra da Alemanha, Angela Merkel, havia feito uma cobrança semelhante, mas, ao mesmo tempo, havia convocado os países mais industrializados a formar uma frente para pressionar as economias em desenvolvimento. Há um ano, em Davos, numa conferência semelhante, representantes de uns 30 países comprometeram-se a fazer um esforço para destravar a Rodada Doha e criar condições para um acordo até o fim do ano ou começo de 2007. Criaram um cronograma com a pretensão de resolver as questões mais complicadas até julho, para dedicar os meses seguintes à aos detalhes técnicos. Não deu certo. Agora, Susan Schwab prefere não falar em prazos.

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