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Dólar, a R$ 1,97, tem maior queda em 6 anos

Por Leandro Mode
Atualização:

Depois de duas semanas de "ensaio", o dólar finalmente rompeu ontem a barreira dos R$ 2. A moeda americana caiu 1,94% e encerrou a sexta-feira valendo R$ 1,97, menor cotação desde 1º de outubro. O recuo de 9,96% em maio é o maior em termos mensais desde abril de 2003. Segundo analistas, a tendência de baixa deve manter-se nos próximos meses. "O Brasil é uma opção de investimento excelente neste momento, pois tem governo estável, mercado interno forte, economia equilibrada e reservas crescendo", disse o diretor de operações da Levycam Corretora de Câmbio, Johnny Kneese. "O País oferece boas opções de ganho tanto em renda fixa quanto em ações. Além disso, o dólar está se enfraquecendo no mundo todo", acrescentou o vice-presidente executivo de tesouraria do banco WestLB do Brasil, Ures Folchini. Até quarta-feira, por exemplo, o saldo de investimentos estrangeiros na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) estava positivo em quase R$ 11 bilhões. Se a tendência tiver se confirmado até ontem (último dia útil do mês), a bolsa brasileira terá recebido em maio o maior fluxo externo da história. O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, afirmou que o governo aproveitará a situação para comprar mais dólares para as reservas, que estavam em US$ 205 bilhões quinta-feira. "O momento é muito favorável e conveniente para a reconstituição das reservas e o Banco Central tem espaço para comprar", disse. "Estamos, como sempre, tirando partido, aproveitando um bom momento para recompor e aumentar as reservas para que o Brasil saia ainda mais forte da crise." Meirelles também voltou a negar que o governo estude tributar o investimento estrangeiro em títulos públicos. Para Kneese, está na hora de o BC "recomeçar a jogar xadrez". Na avaliação dele, o Brasil tem de aprender a lidar com o fato de estar se tornando uma potência em nível global - não apenas em termos regionais. "Como vamos usar essa nova condição? É o momento de parar, analisar e definir as melhores estratégias visando ao longo prazo." No ano, a moeda americana acumula perda de 15,6% ante o real. Esse desempenho preocupa exportadores - que já sofrem com a queda da demanda internacional em decorrência da crise - e parte dos analistas. PTAX Especificamente ontem, pesou na desvalorização do dólar o fato de ser o último dia útil do mês, quando se define a cotação média (Ptax) da moeda americana, que serve de referência para a liquidação de contratos de câmbio no mercado futuro. Segundo o economista Sidnei Nehme, da NGO Corretora, a moeda caiu principalmente por causa dos investidores posicionados na venda no mercado futuro. COLABORARAM RICARDO LEOPOLDO E SILVANA ROCHA

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