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'Dólar a R$ 2 veio para ficar', diz Mantega

Após declaração, cotação disparou e BC fez leilão de moeda para conter a alta

Foto do author Francisco Carlos de Assis
Por e Francisco Carlos de Assis (Broadcast)
Atualização:

O Banco Central fez um leilão de dólares ontem e reverteu a tendência de alta da moeda americana, que chegou a ser cotada a R$ 2,12. A intervenção veio após o ministro da Fazenda, Guido Mantega, declarar em São Paulo que o câmbio "não está em posição totalmente satisfatória". Após o leilão, a cotação do dólar perdeu força e fechou em R$ 2,08. Na semana, a moeda americana teve alta de 0,14%. Em encontro com empresários no Fórum Nacional da Indústria, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o ministro da Fazenda afirmou que a taxa de câmbio acima de R$ 2 veio para ficar. "Nós temos aqui quatro ou cinco meses de câmbio acima de R$ 2,00 e isso mostra que veio para ficar."Ao comentar a situação do comércio exterior, o ministro admitiu que houve problemas na relação com alguns países como, por exemplo, a Argentina. Mas afirmou que o governo está trabalhando para encontrar soluções e mostrou-se otimista em relação à recuperação das exportações.O ministro afirmou que o País passa por um período de transição das políticas monetária e cambial. "O ano de 2012 será marcado pela desintoxicação do juro alto, com a implantação de uma nova matriz marcada pelo ganho produtivo."Segundo ele, o setor produtivo até então havia se adaptado a um cenário com juros altos e o câmbio desvalorizado, que agora mudou. "As empresas faziam aplicações financeiras e o poupador olhava mais para os ativos financeiros. Mas agora têm de migrar para os ativos produtivos." "A economia demora para se adaptar a essa nova matriz macroeconômica", completou Mantega. Cotação. O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, afirmou durante o debate na presença do ministro da Fazenda que a taxa de câmbio poderia chegar a pelo menos R$ 2,40. Após a saída do ministro, Andrade disse aos jornalistas que a entidade tem um estudo com base no câmbio de 2005 que sugere que o dólar deveria estar sendo cotado a R$ 2,47. O empresário disse que a indústria considerou positiva a afirmação do ministro de que o dólar acima de R$ 2 veio para ficar.Andrade começou seu discurso elogiando o ministro. Ele disse que o setor reconhece o esforço do governo da presidente Dilma Rousseff na adoção de medidas que beneficiam a indústria e disse que a CNI se colocou à disposição do governo para auxiliar em futuras ações para beneficiar a economia.ICMS. O ministro da Fazenda defendeu mudanças no ICMS e afirmou que as discussões do projeto de mudança no sistema tributário estão avançadas. "O fruto está maduro", disse. Na avaliação dele, o tributo será "mais salutar porque acaba com a insegurança jurídica do passado". Mantega lembrou que o governo vai assumir, em um primeiro momento, as perdas de alguns Estados com a mudança no regime do ICMS, mas essas unidades da Federação vão ganhar no futuro com os investimentos previstos."Mesmo os Estados que tiverem perda num primeiro momento ganharão no futuro porque o governo federal está propondo compensá-los por perdas", afirmou o ministro. A proposta de compensação é a criação de um fundo de desenvolvimento regional, que terá recursos financeiros e primários do Orçamento Geral da União no valor de R$ 130 bilhões. "Oferecemos aos Estados a compensação das perdas por 16 anos." Segundo Mantega, o novo modelo do ICMS será apresentado ao Senado e deverá, na avaliação do ministro, ter uma tramitação fácil por meio de um projeto de resolução. "Vamos eliminar a guerra fiscal, dando condições para que os Estados menos desenvolvidos atraiam empresas", disse Mantega. Ele afirmou acreditar que entre março e abril de 2013 a nova lei do ICMS seja aprovada e pediu o apoio dos empresários para a aprovação. O presidente da CNI pediu ao ministro a renovação do Regime Especial de Reintegração de Valores Tributários (Reitegra), alegando que, sem a renovação, a indústria não tem segurança para formar preços para o começo de 2013. Os empresários pediram a renovação dos juros do Programa de Sustentação do Investimento (PSI).

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