
19 de maio de 2020 | 09h04
Atualizado 19 de maio de 2020 | 19h28
Após os investidores terem comemorado a possível vacina contra o coronavírus, a informação de que a descoberta pode não ser tão eficaz, desestabilizou os mercados nesta terça-feira, 19. A Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, cedeu 0,56%, aos 80.742,35 pontos. A incerteza também se refletiu no dólar, que fechou com alta de 0,63%, a R$ 5,7564.
A possível descoberta de um antídoto, feita pela empresa de biotecnologia e também farmacêutica Moderna Therapeutics na última segunda-feira, 18, caiu por terra nesta terça, após o site americano Stat News, especializado em saúde, apontar que uma série de especialistas contestam os resultados promissores apresentados pelo laboratório.
Bolsas da Ásia fecham em alta com esperança de vacina contra covid-19; Europa opera em baixa
Além disso, também pesou no mercado o adiantamento dos feriados de Corpus Christi (11 de junho) e da Consciência Negra (21 de novembro) em São Paulo, pelo prefeito Bruno Covas. O mercado melhorou apenas quando soube que as instituições financeiras e a B3 vão funcionar normalmente. Ainda fica no radar a possibilidade do adiantamento do feriado da Revolução Constitucionalista (9 de julho) para a próxima segunda-feira, 25, pelo governador João Doria (PSDB).
Com isso, o Ibovespa, principal índice do mercado de ações brasileiro, teve um dia de idas e vindas, após abrir em alta, aos 81.196,69 pontos. A demora em torno das definições do funcionamento do mercado e a instabilidade das Bolsas de Nova York, fizeram o índice ceder aos 80.647,02 na mínima do dia e oscilar entre os 80 mil pontos e 81 mil pontos.
Ná máxima do dia, por volta das 13h a B3 conseguiu subir rapidamente aos 82.174,55 pontos. Com os resultados de hoje, o Ibovespa tem ganho de 4,11% na semana e de 0,29% no mês, mas ainda cede 30,18% no ano. Entre as maiores perdas da Bolsa nesta terça, estão Gol, com 6,28%, Azul, com 5,14% e Itaú Unibanco PN, com 4,32%.
Assim como a Bolsa, o dólar também foi pressionado pelos acontecimentos do dia. Na máxima da sessão, a moeda era negociada a R$ 5,7644. Nesta terça, ela ainda abriu a R$ 5,6942, uma queda de 0,46% em comparação ao fechamento anterior de R$ 5,7206, o menor valor desde o dia 29 de abril.
Somente neste ano, a valorização da moeda americana já é superior a 42%, sendo que o recorde nominal, quando não se desconta a inflação, é de R$ 5,9718. Nas casas de câmbio, de acordo com levantamento realizado pelo Estadão/Broadcast, o dólar turismo é vendido perto de R$ 6. Já o dólar para junho fechou com alta de 0,65%, a R$ 5,7630.
Nesta terça, uma pesquisa feita pelo Bank of America, com investidores da América Latina, mostrou um aumento no pessimismo com o Brasil nas últimas semanas. Para 56% dos entrevistados, o maior risco para o País é uma piora fiscal descontrolada. No câmbio, a maioria dos gestores espera que a moeda americana termine o ano acima de R$ 5.
Já no começo da tarde, o Goldman Sachs voltou a cortar sua projeção para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2020 e espera contração de 7,4% este ano. Os crescentes riscos políticos e fiscais contribuem para agravar a recessão no País causada pela pandemia do coronavírus, alertou o relatório do banco americano. Para 2021, a estimativa de crescimento do PIB é de 4%.
Na Europa, pesou no mercado a declaração do dirigente do Banco Central Europeu (BCE), Philip Lane, de que o Produto Interno Bruto (PIB) da zona do euro poderá ter contração de até 12% este ano, a depender da evolução do coronavírus e também da extensão das quarentenas.
Já nos Estados Unidos, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, alertou que a retomada total da economia vai depender necessariamente do desenvolvimento de uma vacina. "A reabertura da economia está em andamento e vamos ver como ela ocorre", comentou, sem dar muita certeza aos investidores.
Apesar dos temores do mercado, o petróleo terminou em alta nesta terça, após um aumento na demanda e a diminuição da oferta devido a cortes na produção. A valorização vem em sintonia com a reabertura gradual da economia em países como Itália, Espanha e também no estado de Nova York.
Em resposta, o barril do WTI para junho, referência no mercado americano, fechou com alta de 2,1%, a US$ 32,50 no último dia de negociação. Já o Brent para entrega em julho, referência no mercado europeu, recuou 0,5%, a US$ 34,65 o barril, apesar do cenário favorável para a commodity.
A Ásia, sem saber dos contras, ainda sentiu nesta terça a descoberta da possível vacina contra o vírus. O Nikkei subiu 1,49% em Tóquio, enquanto os chineses Xangai Composto e Shenzhen Composto avançaram 0,81% e 1,26%, respectivamente. O Hang Seng se valorizou 1,89% em Hong Kong, o sul-coreano Kospi avançou 2,25% em Seul e o Taiex subiu 1,12% em Taiwan. Na Oceania, o S&P/ASX 200 avançou 1,81% em Sydney.
Já o temor frente aos impactos do coronavírus na economia deixou o mercado europeu sem rumo. A Bolsa de Londres caiu 0,77% e a de Paris recuou 0,89%. Milão e Madri tiveram perdas de 2,11% e 2,51%, respectivamente. Já Lisboa e Frankfurt foram na contramão, com ganhos de 0,15% e 0,02%.
Situação parecida aconteceu nas Bolsas de Nova York. O Dow Jones fechou em queda de 1,59%, o Nasdaq recuou 0,54% e o S&P 500 cedeu 1,05%. Entre as maiores quedas, estão as ações da Moderna, com perda de 10,41%. Também cederam as ações da Boeing e Caterpillar, com 3,69% e 2,56%, respectivamente./GABRIEL BUENO DA COSTA, IANDER PORCELLA, ANDRÉ MARINHO E MAIARA SANTIAGO
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