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Bolsas internacionais fecham em forte queda com temor sobre nova variante do coronavírus

No Brasil, o Ibovespa terminou o pregão em baixa de 3,39%, com perdas maiores entre as ações ligadas ao setor aéreo e ao consumo; em Nova York, o índice Dow Jones teve a maior queda desde outubro do ano passado

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Por Redação
Atualização:

A notícia sobre uma nova variante da covid-19 potencialmente perigosa localizada na África do Sul provocou uma onda negativa nos mercados acionários globais nesta sexta-feira, 26. Na Ásia, na Europa e nos Estados Unidos, todos os principais índices de ações fecharam em queda.

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O temor também atingiu o mercado brasileiro. Na B3, a Bolsa de São Paulo, o Ibovespa fechou em queda de 3,39%, aos 102.224,26 pontos, com recuo generalizado das ações. Ao longo do dia, o índice chegou a atingir a casa dos 101 mil pontos. As perdas foram maiores nas ações ligadas ao consumo e ao turismo, principalmente de empresas aéreas, em meio a temores de que novas medidas restritivas mais hostis sejam necessárias para conter a disseminação da nova variante do coronavírus, o que comprometeria a retomada econômica. 

Nos Estados Unidos, o dia foi de perdas. O índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, fechou em baixa de 2,53%, o S&P 500 (que reúne as 500 principais empresas de capital aberto) caiu 2,3% e a Nasdaq, 2,23%. Levando em conta os três principais índices dos EUA, as bolsas americanas tiveram o pior desempenho já registrado num dia de Black Friday, segundo o jornal Wall Street Journal. O índice Dow Jones teve a maior queda desde outubro de 2020.A Casa Branca anunciou que os EUA vão restringir viagens da África do Sul e outras sete nações africanas a partir de segunda-feira, 29. No Brasil, a Anvisa fez essa recomandação à Casa Civil da Presidência da República .

Na Europa, os investidores também estão atentos à piora no quadro de saúde em partes da região, inclusive na Alemanha. O índice FTSE 100, da Bolsa de Londres, fechou em queda de 3,64%, enquanto o DAX, de Frankfurt, recuou 4,15%%, o parisiense CAC 40, teve perdas de 4,75% e o índice da Bolsa de Milão caiu 4,60%.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconheceu nesta sexta-feira que a cepa é considerada uma "variante de preocupação" por apresentar um elevado número de mutações, o que pode resultar em uma versão mais transmissível e, potencialmente, com mais risco de contornar a resposta imune gerada por infecções anteriores ou pela vacinação. A cepa, que foi batizada de Omicron, já foi identificada também em Hong Kong, Israel e Bélgica.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, falou sobre a piora da covid na Europa, durante evento virtual com empresas do mercado imobiliário. “Hoje os mercados estão sentindo isso bastante. Mas, localmente, o Brasil está indo bem contra a covid porque tem baixa rejeição à vacina”, disse. 

Cenário desafiador para a economia

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Para os analistas, a descoberta de uma nova variante do coronavírus adiciona mais um elemento de preocupação ao cenário já desafiador para a recuperação da economia global. Nas últimas semanas, o aumento dos casos de covid-19 na Europa fez com que alguns países retomassem as restrições à circulação de pessoas, um novo baque para a economia em um momento em que já se começava a imaginar uma retomada mais consistente das atividades normais, com o avanço da vacinação. 

Segundo a avaliação do banco Credit Suisse, a preocupação do mercado com a nova variante do coronavírus parece compreensível, dado seu forte potencial de contaminação. De acordo com o banco, os dados de hospitalização e de mortes ainda são pouco conclusivas, mas a instituição lembra que a vacinação na África do Sul (origem da variante) é muito baixa e que o país não teve uma forte onda da variante Delta.

A consultoria Capital Economics diz que ainda é cedo para saber ao certo quão extensa é a ameaça da nova cepa da covid-19 para a economia global. A consultoria projeta que mesmo as restrições já sendo lançadas por outras nações não devem impedir a disseminação do vírus, "particularmente se ele for tão contagioso como atualmente temido". Na opinião dela, isso poderia fazer, por exemplo, bancos centrais adiarem planos de aperto monetário, até que a situação esteja mais clara.

Em Hong Kong, o índice Hang Seng terminou em queda de 2,67%; na Bolsa local, ações de cassinos tiveram as maiores perdas, afetadas pelas notícias sobre a nova variante do coronavírus. Foto: Kin Cheung/AP - 26/11/2021

Para os países com cobertura vacinal ainda baixa, o principal ponto é se a nova cepa é mais transmissível e tem mais chance de causar casos graves ou mortes. No mundo em geral, porém, o principal é saber se a nova variante pode ou não contornar em alguma medida a proteção dada pelas vacinas, comenta. A Capital Economics lembra que essa é uma questão para os cientistas, não para os economistas, e que pode levar várias semanas até a resposta para ela surgir.

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Por conta da nova cepa, a Comissão Europeia já  informou que pretende propor um veto à entrada de pessoas de países do sul da África, o que provocou forte queda nas ações de companhias aéreas do continente.

O petróleo WTI para janeiro fechou em queda de 13,06% (US$ 10,24), a US$ 68,15 o barril, na New York Mercantile Exchange (Nymex), e o Brent para fevereiro caiu 11,5% (US$ 9,33), a US$ 71,59 o barril, na Intercontinental Exchange (ICE). Na comparação semanal, o recuo foi de 10,25% e 9,25%, respectivamente.

O ouro, considerado um ativo seguro, chegou a subir mais de 1%, impulsionado pela busca por segurança nos mercados globais. O metal com entrega prevista para dezembro fechou o dia com alta de 0,07%, cotado a US$ 1.785,50 por onça-troy, na Comex, divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex).No Brasil, o dólar começou o dia em forte alta, mas diminuiu o ritmo. A moeda americana chegou a ser cotada a R$ 5,6629, com avanço de 1,76%, na abertura das negociações, mas fechou em queda de 0,55, cotada a R$ 5,5958.

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Bolsas da Ásia fecham em queda

Os mercados acionários da Ásia fecharam no vermelho nesta sexta-feira. Na Bolsa de Tóquio, o índice Nikkei fechou em baixa de 2,53%. Papéis de empresas do setor ferroviário estiveram entre as principais quedas, com Central Japan Railway em baixa de 3,3% e East Japan Railway, de 2,4%. Entre outras ações em foco, SoftBank caiu 5,2%, após a notícia de que a China teria pedido à Didi, empresa na qual o banco tem participação acionária, que deixe de ser negociada nos Estados Unidos.

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Na China, a Bolsa de Xangai fechou em queda de 0,56% e a de Shenzhen, de menor abrangência, caiu 0,20%. Fabricantes de chips lideraram as perdas, estendendo fraqueza recente após os EUA colocaram várias empresas do país asiático em uma lista sobre preocupações com a segurança nacional e a política externa.

Em Hong Kong, o índice Hang Seng terminou em queda de 2,67%. A nova variante da covid-19 provocou cautela local, com ações de cassinos entre as maiores quedas - Sands China caiu 7,2% e Galaxy Entertainment, 6,8%. No setor aéreo, Cathay Pacific caiu 4,1% e Air China, 3,8%. Incorporadoras novamente ficaram sob pressão, com China Evergrande em baixa de 10% e Fantasia Holdings, de 5,9%.

Na Coreia do Sul, o índice Kospi registrou baixa de 1,47%, na Bolsa de Seul. Além do noticiário vindo da África do Sul, as negociações foram prejudicadas por relatos de que os casos graves da covid-19 na Coreia do Sul subiram a nível recorde. O setor de transporte aéreo foi o mais prejudicado, com Asiana Airlines em baixa de 4,1% e Korean Air Lines, de 3,4%.

Em Taiwan, o índice Taiex terminou em queda de 1,61%. Na Oceania, o índice S&P/ASX 200 fechou em baixa de 1,73%, em Sydney. Com isso, o mercado australiano registrou a terceira semana consecutiva de quedas. Bancos e mineradoras se saíram mal, com baixas também no setor de tecnologia. / GABRIEL BUENO DA COSTA e SILVANA ROCHA

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