Publicidade

Dólar cai 2% com decisão dos EUA e volta a valer menos de R$1,80

Foto do author Silvio Cascione
Por Silvio Cascione
Atualização:

O corte surpresa dos juros nos Estados Unidos derrubou o dólar nesta terça-feira e a moeda norte-americana devolveu praticamente toda a alta registrada na véspera em meio à turbulência dos mercados. O dólar terminou o dia com baixa de 2,02 por cento, cotado a 1,793 real. Na véspera, a alta havia sido de 2,46 por cento. Em janeiro, a moeda agora tem alta de 0,90 por cento. O Federal Reserve anunciou nesta manhã a decisão, em caráter extraordinário, de cortar em 0,75 ponto percentual a taxa básica de juros e a taxa de redesconto, usada para os empréstimos feitos diretamente aos bancos. A taxa básica chegou a 3,5 por cento, e o redesconto caiu para 4,0 por cento. "O mercado não aguentaria chegar até dia 30", data da próxima reunião do Fed, disse Marcelo Voss, economista-chefe da Corretora Liquidez. "O mercado reagiu muito bem." A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) subia 4 por cento a menos de duas horas do fechamento. Nos Estados Unidos, os índices Dow Jones e S&P 500 caíam cerca de 1 por cento, após exibirem baixa de mais de 3 por cento após a abertura. Além do impulso desta terça, o real pode se beneficiar de forma mais duradoura com a decisão do Fed. O corte do juro nos EUA aumenta a diferença de rendimento entre os títulos norte-americanos e os ativos brasileiros, favorecendo as chamadas operações de arbitragem, como os carry trades. No carry trade, os investidores tomam dinheiro em países de juros mais baixos e aplicam em lugares com taxas mais altas, como o Brasil. O objetivo é lucrar com a diferença das taxas. Mas para Tarcísio Rodrigues, diretor de câmbio do Banco Paulista, esse efeito não pode ser dado como certo imediatamente. "A questão não é mais aversão a risco, é retirada de recursos para pagar prejuízos", disse. Marcelo Voss tem avaliação parecida, mas pondera que "vai ter espaço (para as operações de arbitragem). Só não vai ser aquela enxurrada de dólares como em outros tempos. Nem todo mundo está no 'subprime"', disse, em referência ao mercado de crédito de alto risco que derrubou grandes bancos e se tornou o epicentro da atual crise. No final da sessão, o Banco Central realizou um leilão de compra de dólares, mas a operação teve pouca influência sobre a taxa de câmbio. A autoridade monetária definiu corte a 1,7989 real e aceitou, segundo operadores, três propostas.

Tudo Sobre
Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.