Dólar cai a R$ 2,85 com visita da vice do FMI

Desde o final da manhã a confirmação de uma visita da vice do FMI ao Brasil foi interpretada como sinal de que um acordo de transição de governo pode estar sendo preparado. O corte da Selic ontem sustentaria essa hipótese. Hoje Fraga e Mercadante se reuniram.

Os investidores gostaram das movimentações entre governo e lideranças das principais correntes que disputam a Presidência da República para acalmar os mercados. O primeiro sinal foi a confirmação da visita da vice-diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Anne Kruger, ao Brasil na próxima semana. O encontro entre o presidente do Banco Central (BC), Armínio Fraga, e o líder da equipe econômica do PT, Aloízio Mercadante, apesar de não trazer resultados concretos, indica um início nas conversas. Depois de um esforço do ministro da Fazenda, Pedro Malan, e de Fraga em acalmar investidores internacionais, líderes do PT também foram à Europa e Estados Unidos para conversar com a comunidade financeira, governos estrangeiros e organismos internacionais. Já havia sinais de que seria possível um acordo com o FMI, desde que fossem dadas algumas garantias de responsabilidade fiscal e condução de política econômica pelos principais candidatos à Presidência. Com a confirmação da visita de Kruger ao Brasil, os rumores de que o Fundo estaria disposto a apoiar o Brasil aumentaram. O encontro do presidente do BC com Mercadante e outros representantes dos três concorrentes mais fortes ao Planalto indica uma movimentação ao menos no sentido de uma transição mais negociada e ordenada, seja quem for o vencedor. Ao final da reunião de duas horas e meia, depois do fechamento dos mercados, o candidato ao Senado pelo PT negou qualquer menção a um acordo com o FMI, mas indicou que essa foi uma primeira conversa sobre transição de governo. Quem esperava que as negociações de um acordo começassem à toda carga agora se decepcionou, mas Luiz Inácio Lula da Silva, o candidato do PT, já havia afirmado que não era contra um empréstimo do Fundo, mas sim de submeter a política econômica do País às suas regras rígidas. Ou seja, já se esperava a necessidade de alguma negociação. E, ao menos, Mercadante reafirmou que o PT está comprometido em manter a política de câmbio flexível, a responsabilidade fiscal, e respeitar os contratos. Segundo suas declarações, o acordo do FMI, embora não descartado, ainda nem foi iniciado e é um último recurso. Ele disse que voltará a se reunir com Fraga, indicando que as conversas não se esgotaram. No campo eleitoral, a pesquisa do Vox Populi divulgada hoje reiterou a vantagem de Ciro Gomes, da Frente Trabalhista, sobre o candidato do governo, José Serra, na disputa pela segunda colocação. Mas esse fato apenas confirmou a pesquisa de ontem do Ibope e não teve grande impacto sobre as cotações. Os investidores agora observam a movimentação política de adesão à candidatura de Ciro. A sua base política fraca é um grande obstáculo, mas pode ser superada se catalisar forças. Quanto à Serra, a esperança maior é que possa reverter seu fraco desempenho com o início do horário eleitoral gratuito, em 20 de agosto, já que controla mais de 40% do tempo. O dólar comercial foi vendido a R$ 2,8510 nos últimos negócios do dia, em queda de 1,59% em relação às últimas operações de ontem, oscilando entre R$ 2,8400 e R$ 2,9020. Com o resultado dessa quinta-feira, o dólar acumula uma alta de 23,10% no ano e 1,10% em julho. No mercado de juros, os contratos de DI futuro com vencimento em janeiro de 2003 negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros pagam taxas de 21,000% ao ano, frente a 21,200% ao ano ontem. Já os títulos com vencimento em julho de 2003 têm taxas de 24,850% ao ano, frente a 26,050% ao ano negociados ontem. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em alta de 0,54% em 10812 pontos e volume de negócios, de R$ 424 milhões. Com o resultado de hoje, a Bolsa acumula uma alta de 20,37% em 2002 e 2,94% em julho. Das 50 ações que compõem o Ibovespa - índice que mede a valorização das ações mais negociadas na Bolsa -, 12 apresentaram quedas. Mercados internacionais Nos mercados internacionais, o clima foi de pessimismo novamente, depois que chegou a se pensar que as quedas poderiam ter chegado ao fim. O Dow Jones - Índice que mede a variação das ações mais negociadas na Bolsa de Nova York - fechou em queda de 1,56% (a 8409,5 pontos), e a Nasdaq - bolsa que negocia ações de empresas de alta tecnologia e informática em Nova York -caiu 2,88% (a 1356,95 pontos). Às 18h, o euro era negociado a US$ 1,0119; uma alta de 0,55%. Na Argentina, o índice Merval, da Bolsa de Valores de Buenos Aires, fechou em alta de 1,71% (381,74 pontos) e dólar oficial foi vendido a $ 3,55 pesos. Não deixe de ver no link abaixo as dicas de investimento, com as recomendações das principais instituições financeiras, incluindo indicações de carteira para as suas aplicações, de acordo com o perfil do investidor e prazo da aplicação. Confira ainda a tabela resumo financeiro com os principais dados do mercado.