O real se beneficiou na sessão desta sexta-feira, 7, de uma onda global de enfraquecimento do dólar, após dados fracos do mercado de trabalho nos Estados Unidos reforçarem as apostas em queda dos juros americanos neste ano.
Em queda desde a manhã, quando desceu até mínima de R$ 3,8505, na esteira da divulgação do relatório de emprego dos EUA, o dólar reduziu as perdas ao longo da tarde, com realização de lucros e ajuste de posições, para encerrar o pregão cotado a R$ 3,8770, em queda de 0,16%.
Com perdas em quatro dos últimos cinco pregões, a moeda americana encerrou a primeira semana de junho com desvalorização acumulada de 1,24%, deixando para trás o piso de R$ 3,90.
Segundo analistas, confirmadas as expectativas de juros menores nos EUA e a de andamento da reforma da previdência, com apresentação de parecer do relator, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), na comissão especial da Câmara na próxima semana, o dólar pode romper os R$ 3,85.
A declarações "dovish" do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, na quarta-feira, somaram-se nesta manhã à divulgação do relatório de emprego de maio nos EUA, que mostrou criação de 75 mil vagas, bem abaixo dos 180 mil previstos.
O Índice DXY - que mede a variação do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes - trabalhou em queda firma durante todo o dia, fixando-se abaixo dos 97 pontos. A moeda americana também caiu em relação a divisas emergentes, à exceção da lira turca.
No ambiente interno, o destravamento das votações no Congresso, com a votação de Medidas Provisórias e do projeto de Saneamento, mostra um ambiente mais propício para o andamento da reforma da previdência.
Por ora, as disputas em torno da permanência de Estados e municípios no projeto de alteração das aposentadorias não assustam os investidores.
Também contribui para apostas no real a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de ontem sobre a venda de subsidiárias de estatais aumenta a expectativa de entrada de recursos externos para aquisição de ativos locais.
Bolsa
A perspectiva de corte de juros no Brasil e nos Estados Unidos deu ânimo aos investidores e o Índice Bovespa teve nova rodada de alta nesta sexta-feira.
Em terreno positivo desde a abertura, o indicador chegou a subir mais de 1% pela manhã, testando o patamar dos 98 mil pontos, mas perdeu fôlego à tarde e fechou aos 97.821,26 pontos, com ganho de 0,63%. Na semana, o principal índice da B3 acumulou valorização de 0,82%.
As principais notícias do dia foram divulgadas na primeira etapa do pregão. O IPCA de maio ficou em 0,13%, no piso das estimativas do mercado, e ajudou a reforçar no mercado futuro de juros as apostas em um corte da taxa Selic neste ano.
Nos Estados Unidos, o destaque ficou com o relatório de empregos "payroll", que apontou criação de vagas (75 mil) bem aquém do previsto (180 mil). Também nesse caso foi reforçada a aposta no corte de juros, como forma de estímulo econômico.
Adicionalmente, o desempenho do Ibovespa refletiu as altas expressivas das ações da Petrobrás, que foram movidas pela alta dos preços do petróleo e pela liberação da venda da transportadora TAG, depois que o STF votou pela desnecessidade do aval legislativo para venda de subsidiárias de empresas estatais.
Ao final dos negócios, Petrobrás ON e PN tiveram ganhos de 2,72% e de 1,83%, respectivamente.