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Após três quedas seguidas, dólar volta a subir e vai a R$ 3,89

Pesaram sobre os negócios o adiamento da votação do crédito suplementar pedido pelo governo e as especulações sobre uma possível flexibilização do teto de gastos após a aprovação da reforma da Previdência

Foto do author Altamiro Silva Junior
Por Altamiro Silva Junior (Broadcast) e Paula Dias
Atualização:

O dólar voltou a subir nesta quarta-feira, 5, após cair nos três últimos pregões. A alta da moeda americana no exterior e questões internas fizeram a divisa encostar nos R$ 3,90 perto do fechamento.

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Notícias de que o governo discute a possibilidade de flexibilizar o teto de gastos após a aprovação da reforma da Previdência fizeram o dólar acelerar a alta. Com isso, o real foi a segunda moeda que mais perdeu valor perante a moeda americana, atrás apenas do rand da África do Sul. O ministério da Economia, porém, desmentiu as notícias após o fechamento do mercado à vista. Na sessão, o dólar à vista encerrou com valorização de 0,99%, a R$ 3,8949.

No mercado de ações, a palavra "cautela" voltou às mesas de negociação depois que a a Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso adiou para a próxima terça-feira a votação do crédito suplementar pedido pelo governo. O Ibovespa terminou o dia em queda de 1,42%, aos 95.998,75 pontos. Os negócios somaram R$ 12,4 bilhões.

Embora as bolsas de Nova York tenham subido, as commodities metálicas e energéticas tiveram uma sessão de perdas, com reflexo direto sobre as ações da Petrobrás, Vale e siderúrgicas. As ações do setor financeiro, bloco de maior peso na composição do Ibovespa, também tiveram perdas expressivas. Ao final dos negócios, Petrobrás ON e PN registraram quedas de 1,41% e 1,30%. Vale caiu 1,47%.

Dólar atingiu nesta terça-feira a menor cotação desde 11 de abril. Foto: JF DIorio/Estadão

A quarta-feira foi marcada por fortalecimento do dólar no exterior, em meio a renovados temores de piora da economia mundial após nova rodada de indicadores fracos, que fizeram as cotações do petróleo despencarem. A diretora gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, afirmou que a previsão da instituição de "fragilidade e precariedade" da retomada econômica se confirmou.

No mercado internacional, o dólar interrompeu uma sequência de quedas, turbinadas pela visão de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) deve cortar juros e se fortaleceu ante divisas fortes, como o euro e a libra, e emergentes, ganhando força entre pares do real, como México, Argentina e Colômbia. As atenções agora se focam na divulgação na sexta-feira do relatório de emprego de maio dos Estados Unidos. Se vier abaixo do esperado, como veio o relatório do setor privado (ADP, na sigla em inglês), divulgado nesta quarta, pode aumentar a aposta de corte de juros. Os analistas do banco canadense TD Bank preveem 190 mil postos de trabalho. 

Pela manhã, o dólar chegou a cair a R$ 3,83, mas a notícia do adiamento da sessão da Comissão Mista de Orçamento (CMO) que decidiria sobre o crédito extra de R$ 248,9 bilhões para que o governo possa cumprir a regra de ouro do Orçamento provocou um movimento de compra de dólares. Na parte da tarde, as mesas monitoraram o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre privatizações, se vão precisar de autorização prévia do Congresso.

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Para Jefferson Laatus, especialista em dólar, sócio fundador do Grupo Laatus, após as recentes quedas, era natural que o dólar passasse por um movimento de ajuste técnico, catalisado pela política e pela alta da moeda no exterior. Mas apesar do movimento desta quarta, Laatus acredita que a tendência não mudou e a moeda pode voltar a cair, testando níveis perto de R$ 3,80, sobretudo se o Congresso seguir avançando na pauta de medidas do Planalto e não houver choques no exterior.

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