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Dólar cai com possível acordo com FMI

O anúncio da vinda da vice do FMI para o Brasil reacendeu as esperanças de um acordo de transição com o Fundo e um compromisso dos candidatos a presidente com uma política econômica responsável. Os mercados gostaram da notícia.

Por Agencia Estado
Atualização:

A possibilidade de o Brasil chegar a um entendimento com o Fundo Monetário Internacional (FMI) que facilite a transição entre o atual e o próximo governo, que assume em janeiro do ano que vem, aliviou tensões no mercado. Esta hipótese, que já era comentada no mercado hoje desde a abertura dos negócios, ganhou força no final da manhã, quando se confirmou que a vice-diretora-gerente do FMI, Anne Krueger, visitará o Brasil na semana que vem. Logo após a notícia o dólar entrou em queda livre, dada a perspectiva de entrada de novos recursos externos, e foi acompanhado pelas projeções de juro. "Se o Banco Central baixou o juro com o dólar pressionado, com o câmbio mais calmo a Selic poderá cair ainda mais", disse de bate-pronto um operador ao explicar o recuo dos juros futuros. Para o profissional, um entendimento com o Fundo poderia diminuir a pressão cambial e abrir espaço para novas flexibilizações monetárias. A Bolsa também acompanhou a melhora e subiu. A notícia sobre a visita de Krueger deu força a uma explicação alternativa, surgida ontem à tarde mas comentada mais acaloradamente hoje, sobre os motivos de o BC ter surpreendido o mercado com o corte da Selic. O principal motivo, segundo esta nova versão, seria que Fraga, que reuniu-se com o FMI, o Fed - banco central norte-americano - e o governo dos EUA semana passada, estaria contando com um acordo com o Fundo como uma espécie de "carta na manga" para melhorar as expectativas. Estaria, assim, explicado o comunicado divulgada ontem pelo Copom para explicar a queda da Selic. No comunicado, o BC disse que cortou o juro "confiando na manutenção, no futuro, de um arcabouço macroeconômico responsável e levando-se em conta que a previsão de inflação para 2003 encontra-se bem abaixo da meta...". Ou seja, o BC tratou o "arcabouço macroeconômico" com prioridade em relação à meta inflacionária. Para os analistas de mercado, esta confiança de Fraga pode estar relacionada a um acordo de transição em que o FMI poderia apoiar o Brasil. Este entendimento, como vigoraria no próximo governo, teria que contar com o sim dos candidatos a presidente. Por isto, o fato de Fraga estar se reunindo com os representantes dos candidatos (hoje é a vez de Aloizio Mercadante, do PT), acabou alimentando as expectativas. Apesar destas avaliações feitas hoje no mercado, muitos analistas acham que o entendimento entre o Brasil e o Fundo não necessariamente passará por um acordo formal. "Um entendimento informal que reúna o Fundo e os candidatos em torno de compromissos básicos pode ser suficiente para melhorar as expectativas para 2003", comentou um profissional ouvido pela AE. O consultor Nathan Blanche, da consultoria Tendências, lembra outro fator positivo nesta viagem de Anne Krueger ao Brasil. Ele lembra que a diretora é tida como de linha duríssima. Sua visita, assim, poderia sinalizar que o FMI estaria disposto a não repetir com o Brasil a forma intolerante com que tratou a Argentina. "O FMI e o Tesouro americano sabem que uma crise grave no Brasil, com moratória, poderia ser um estopim para uma crise muito mais aguda nos Estados Unidos e demais países ricos", comentou o consultor. Nem o FMI nem o governo brasileiro disseram ainda de qual assunto Annre Krueger tratará no Brasil. O que já se sabe é que a vice-diretora do Fundo chegará na terça-feira. O seu primeiro compromisso deverá ser um almoço com o ministro da Fazenda, Pedro Malan, em Brasília. Às 17 horas, Krueger terá audiência com o presidente Fernando Henrique Cardoso, no Palácio do Planalto. Na quarta-feira, a vice-diretora do FMI vai participar de seminário, na Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, que contará também com a presença do ministro Malan. Do lado da sucessão presidencial, que tem mantido os mercados com os nervos à flor da pele, a pesquisa Vox Populi divulgada hoje nos jornais, reafirmando o crescimento do candidato Ciro Gomes, não afetou as cotações. Segundo operadores, os números apenas ratificaram o quadro já demonstrado pelo Ibope, e que já estaria precificado nos negócios. Mercados Às 15h, os mercados financeiros apresentavam certa recuperação. O dólar comercial estava sendo vendido a R$ 2,8500; em queda de 1,62% em relação às últimas operações de ontem. Ao longo do dia, o valor mínimo negociado foi de R$ 2,8420 e o máximo de R$ 2,9020. Com o resultado apurado agora, o dólar acumula uma alta de 23,06% no ano e 1,06% em julho. No mercado de juros, os contratos de DI futuro com vencimento em janeiro de 2003 negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros pagavam taxas de 21,060% ao ano, frente a 21,950% ao ano ontem. Já os títulos com vencimento em julho de 2003 apresentam taxas de 24,700% ao ano, frente a 26,050% ao ano negociados ontem. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) opera em alta de 0,94% em 10855 pontos e volume de negócios de cerca de 296 milhões. Com o resultado de hoje, a Bolsa acumula uma baixa de 20,05% em 2002 e 2,55% só em julho. Das 50 ações que compõem o Ibovespa - índice que mede a valorização das ações mais negociadas na Bolsa -, 11 apresentaram baixas. Sem recuperar as fortes quedas dos últimos dias, os mercados internacionais também operaram com certa recuperação. Em Nova York, o Dow Jones - Índice que mede a variação das ações mais negociadas na Bolsa de Nova York - apresenta alta de 0,12% (a 8552,9 pontos), e a Nasdaq - bolsa que negocia ações de empresas de alta tecnologia e informática em Nova York -cai 1,55% (a 1375,58 pontos). O euro opera a US$ 1,0068; uma alta de 0,04%. Na Argentina, o índice Merval, da Bolsa de Valores de Buenos Aires, em alta de 1,38% (380,50 pontos). E não deixe de ver no link abaixo as dicas de investimento, com as recomendações das principais instituições financeiras, incluindo indicações de carteira para as suas aplicações, de acordo com o perfil do investidor e prazo da aplicação. Confira ainda a tabela resumo financeiro com os principais dados do mercado.

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