O dólar fechou com queda de mais de 2% frente o real, na contramão da valorização registrada ante o iene e algumas das principais divisas de países emergentes e exportadores de commodities. O recuo foi puxado por um fluxo financeiro positivo inesperado, além das vendas de dólares por exportadores e de ajustes de posições de fim de ano, segundo os agentes do mercado de câmbio ouvidos pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado. No fechamento, a moeda ficou cotada a R$ 3,8599, com queda de 2,33%. O volume financeiro total registrado somava cerca de US$ 1,620 bilhão (US$ 1,227 bilhão para liquidação em dois dias úteis).
Apenas nos primeiros negócios foi registrada alguma volatilidade no mercado à vista. Após abrir quase estável, cotada a R$ 3,9512 (-0,02%), o dólar à vista chegou a subir pontualmente à máxima, a R$ 3,9821 (+0,77%).
Essa taxa atraiu exportadores à ponta de venda num primeiro momento. Logo depois, o dólar passou a cair e só acelerou o ajuste negativo ao longo da sessão. Os agentes do mercado atribuem o recuo às ofertas dos exportadores, mas principalmente a sinais de ingressos de recursos de investidores chineses. Este fluxo financeiro favorável, segundo a corretora Correparti, seria possivelmente para honrar pagamentos parciais relativos à licitação de um conjunto de usinas hidrelétricas com concessões vencidas ou a vencer, que totalizou cerca de R$ 17 bilhões no fim de novembro.
Em relação ao fluxo comercial, os exportadores se destacaram na venda de dólares principalmente durante a manhã, depois que a moeda atingiu as máximas intraday no começo da sessão, segundo os operadores consultados pelo Broadcast.
Eles apontaram ainda como fatores positivos para o mercado de câmbio a venda da oferta integral de US$ 544,8 milhões na rolagem do vencimento de swap cambial de janeiro e o superávit de US$ 850 milhões da balança comercial na terceira semana de dezembro. O saldo líquido comercial reflete um montante de exportações de US$ 3,595 bilhões no período, e de importações de US$ 2,745 bilhões. Em dezembro, o superávit acumulado é de US$ 3,219 bilhões e, no ano, chegou a US$ 16,660 bilhões, acima a previsão do governo, que esperava saldo comercial de US$ 15 bilhões neste ano.