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Dólar cai mais de 2% e volta a ser cotado abaixo de R$1,8

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Por Silvio Cascione
Atualização:

O dólar quebrou uma série de altas e recuou mais de 2 por cento nesta quarta-feira, aproveitando a menor aversão ao risco no exterior e o interesse de estrangeiros nas ações da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) para fechar abaixo de 1,80 real. A moeda norte-americana terminou em baixa de 2,34 por cento, a 1,794 real. Desconsiderando o feriado da Consciência Negra, quando os negócios em São Paulo e Rio de Janeiro ficaram parados, foi a primeira queda após sete dias de alta. O dia foi favorecido pela forte recuperação das bolsas internacionais. Em Wall Street, os principais índices subiam mais de 2 por cento à tarde, enquanto o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo saltava 3,7 por cento. Declarações do vice-chairman do Federal Reserve, Donald Kohn, foram o principal combustível para a melhora no humor externo. Sua defesa de uma política monetária mais flexível foi interpretada pelo mercado como um sinal de corte do juro norte-americano na próxima reunião do Fed, em dezembro. O ambiente mais favorável --no final da tarde, o risco-país caía 16 pontos-básicos-- contribuiu para que os estrangeiros interrompessem o movimento de ajuste no mercado futuro que impulsionou o dólar nas últimas duas semanas. O ajuste recente teve repercussão especial em um mercado com fluxo de câmbio que, apesar de positivo, foi mais fraco que o visto recentemente. De acordo com dados do Banco Central, o país registrava 3,757 bilhões de dólares em entradas líquidas no mês até segunda-feira --desse montante, porém, 3,148 bilhões já eram contabilizados até dia 16. Assim, mesmo com a entrada efetiva de moeda, pesou mais no mercado durante esse período a redução de cerca de 6 bilhões de dólares das posições vendidas dos estrangeiros no mercado futuro. Sidnei Nehme, diretor-executivo da NGO Corretora, afirmou que, como os bancos precisavam comprar dólares no mercado à vista para equilibrar as vendas que faziam no futuro aos estrangeiros, houve uma pressão forte sobre a taxa de câmbio. "(Mas) dados concretos sinalizam que essa fase está relativamente superada", acrescentou. "Não está descartado (o dólar) fechar o ano a 1,75 real." Outro fator que derrubou o dólar foi a proximidade da oferta pública inicial de ações (IPO) da BM&F. A operação, a exemplo da abertura de capital da Bovespa em outubro, deve pressionar pela queda do dólar com a participação de investidores estrangeiros. No final da sessão, o Banco Central comprou dólares no mercado à vista e aceitou, segundo operadores, ao menos três das propostas divulgadas. A taxa de corte foi de 1,7945 real. (Edição de Daniela Machado)

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