PUBLICIDADE

Publicidade

Dólar cai para R$ 3,26 com entrada de recursos e sinalização do BC

Moeda contrariou o movimento de alta no exterior em meio à indicação de Ilan Goldfajn de que o BC pode intervir menos no mercado de câmbio

Por Lucas Hirata e Paula Dias
Atualização:
'Estamos vendo as condições diminuindo para redução do estoque de swaps cambiais', afirmou Ilan. Foto: Pixabay

O dólar recuou 1%, para R$ 3,26, nesta sexta-feira, 16, destoando da alta no exterior. O movimento ganhou força à tarde com entrada de recursos no País pela via comercial e financeira, após sinalização do Banco Central pela manhã de que as condições para sua atuação no câmbio "estão mudando". Lá fora, entretanto, a direção foi contrária e a divisa norte-americana avançou em meio à tensão que precede a decisão de política monetária dos Federal Reserve, na semana que vem.

PUBLICIDADE

Por aqui, o dólar enfrentou nova manhã de instabilidade, com indicadores econômicos dos Estados Unidos, e se firmou em queda à tarde. A pressão negativa sobre o dólar ante o real veio logo no começo do dia com comentários do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, em entrevista à Reuters. "Estamos vendo as condições diminuindo para redução do estoque de swaps cambiais", afirmou Ilan. 

O mercado entendeu que o presidente do BC sinalizou que pode reduzir as intervenções no mercado de câmbio, o que significaria espaço para o real se valorizar ante o dólar.

Conforme apurou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, a autarquia tem promovido adequações na estratégia de redução de sua posição vendida em swaps cambiais com a proximidade de novo movimento de alta de juros nos Estados Unidos. Por trás disso, está a intenção de reduzir o estoque total, mas sem que os leilões tragam pressão adicional ao câmbio, num momento em que o Federal Reserve está perto de agir.

Na última quarta-feira, a autarquia diminuiu o lote diário de swap cambial reverso oferecido em leilão, para 5 mil contratos, frente aos habituais 10 mil contratos. Além do Fed e da atuação do BC, constou no radar dos agentes financeiros as discussões em torno do ajuste fiscal e a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 241 que busca limitar os gastos públicos. O governo tem endurecido o tom em defesa da PEC e das suas reformas, o que na visão de profissionais do mercado é positivo para garantir a aprovação dos esforços no Congresso.

Bolsa. A Bovespa operou no terreno negativo durante todo o dia, puxada principalmente por ações de empresas financeiras e ligadas a commodities, que refletiram dúvidas do mercado internacional. À espera da decisão de política monetária dos Estados Unidos, as bolsas americanas repercutiram indicadores econômicos e o noticiário corporativo, terminando o dia em baixa. Sintonizado com o movimento em Wall Street, o Índice Bovespa fechou aos 57.079,75 pontos, em queda de 1,43%. 

As ações de bancos foram destaques de baixa nas bolsas da Europa e Estados Unidos, a partir da notícia de que o Departamento de Justiça norte-americano propôs ao Deutsche Bank que pague US$ 14 bilhões em multas para encerrar uma série de investigações sobre irregularidades com títulos hipotecários. Em Frankfurt, os papéis do banco alemão chegaram a cair perto de 8%. No Brasil, as ações de bancos tiveram perdas generalizadas, cujos destaques foram Itaúsa ON (-3,49%), Bradesco ON (-2,66%), Itaú Unibanco PN (-2,26%) e Santander Unit (-1,86%). 

Publicidade

Além da notícia do Deutsche, os investidores acompanharam a inflação medida pelo índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, que subiu 0,2% em agosto na comparação com o mês anterior. A taxa veio acima das previsões, que apontavam elevação de 0,1%. A cinco dias da decisão do Fed sobre os juros nos EUA, as apostas em um aperto monetário nessa reunião ficaram em 15%. A cautela, contudo, levou investidores estrangeiros a reduzir posições em mercados emergentes, o que impactou também os mercados de commodities.

Com o petróleo em queda nas bolsas de Nova York e Londres, as ações da Petrobrás também perderam valor e terminaram o dia com quedas de 2,55% (ON) e 2,59% (PN). Apesar da estabilidade do preço do minério de ferro na China, as ações da Vale seguiram suas pares no exterior e caíram 1,38% (ON) e 2,59% (PNA). Segundo operadores ouvidos pelo Broadcast, as ações da Petrobrás e da Vale podem ter sofridovolatilidade adicional devido à proximidade do vencimento de opções sobre ações, na próxima segunda-feira. 

Entre as 58 ações que compõem a carteira teórica do Índice Bovespa, as maiores quedas ficaram com ações de empresas do setor de siderurgia. Foram elas: Gerdau PN (-3,67%), Usiminas PNA (-3,66%) e CSN ON (-3,14%). Já as altas mais significativas do dia ficaram com Kroton ON (+1,20%), Raia Drogasil ON (+0,94%) e Localiza ON (+0,83%). No pregão de hoje, foram movimentados R$ 7,4 bilhões, acima dos R$ 5,48 bilhões da véspera.

(Com Reuters)