
07 de junho de 2018 | 18h15
O dólar mantém firme a trajetória de alta e chega a passar dos R$ 4,30 nas casas de câmbio para a compra no cartão pré-pago. Na moeda em espécie, quem for viajar pode encontrar a moeda americana cotada até R$ 4,19, segundo levantamento feito pela plataforma Meu Câmbio.
No pregão desta quinta-feira, o dólar comercial à vista, utilizado basicamente em transações de bancos e empresas, chegou aos R$ 3,96, com alta de 2,83%. Nesse ritmo, a moeda caminha para o quinto mês consecutivo de alta.
Com essa trajetória, Mathias Fischer, diretor de estratégia e inovação da Meu Câmbio, conta que os viajantes já perceberam que a estratégia de "esperar baixar" o valor do dólar pode pesar mais no bolso e estão antecipando as compras.
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"Os últimos três meses foram os melhores na empresa e mostra que as pessoas estão se antecipando para fugir das novas altas e da alta temporada", explica.
Além da 'corrida', Fischer também já nota aumento na demanda por outras moedas, indicando uma mudança de itinerário. A mais forte, segundo ele, é no peso chileno, que está em alta mesmo fora da temporada de esqui, que começa em dois meses.
A crescente da moeda também têm estimulado a compra da moeda no cartão pré-pago para não ter risco de acabar usando o cartão de crédito se o dinheiro acabar na viagem. Apesar do pré-pago ter 6,38% do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF), como o cartão de crédito, ele não sofre oscilações da moeda e não dá margem para surpresas.
"O Pré-pago foi erroneamente equiparado ao cartão de crédito. As pessoas estão começando a entender agora para que ele serve, pela sua conveniência e pela facilidade de se programar", explica o superintendente de varejo do Grupo Confidence, Juvenal dos Santos, lembrando que só no último mÊs, a alta da moeda foi de mais de R$ 0,10.
O empresário Paulo Deitos acabou de voltar de uma viagem de 18 dias pela europa a trabalho. Como o itinerário foi decidido de última hora, ele acabou sem tempo hábil para se organizar e teve que comprar todo o dinheiro para a viagem praticamente numa tacada só. "Fui pego de surpresa e geralmente acompanho as cotações e me organizo antes. Se eu tivesse planejado, teria conseguido economizar pelo menos 10%", diz. Somente em junho, a moeda americana teve valorização de mais de 5%.
Para o rombo na conta não ser maior, ele acabou sem comprar o cartão pré-pago, que geralmente utiliza por segurança e para evitar as oscilações da moeda. Outro meio de pagamento esquecido pelo empresário foi o cartão de crédito. "Se eu tivesse comprado alguma coisa no cartão, estaria muito preocupado, pois com as altas, o valor das compras poderia sair mais 10% acima do previsto", conta.
No ano passado, quando estava concluindo as contas para um mestrado este ano na Bélgica, a advogada Ana Amaral havia fechado seu planejamento com o euro cotado a R$ 4, hoje o euro já está na casa dos R$ 4,55.
Com uma conta simples, de um gasto médio de mil euros, por exemplo, o custo para 12 meses morando fora já está R$ 6 mil mais caro com a nova cotação. Diante da nova realidade, a viagem durante as férias do curso, que estava prevista para 2 países próximos, agora será só em um, onde poderá dormir na cada se amigos, para economizar no hotel.
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