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Dólar fecha o pregão em R$ 3,62, maior valor em mais de dois anos

Moeda americana teve influência do cenário externo e de pesquisa eleitoral que apontou preferência por candidatos que desagradam os investidores; Bolsa fecha o pregão na estabilidade (+0,01%)

Por Ana Paula Ragazzi e Paula Dias
Atualização:

As incertezas eleitorais voltaram a pesar sobre o mercado doméstico, levando o dólar a subir 0,74%, para R$ 3,6267, a maior cotação desde 7 de abril de 2016. A divisa chegou a abrir em baixa, mas inverteu o sinal e chegou a romper os R$ 3,64. O mau humor foi em reação à pesquisa CNT/MDA sobre intenções de voto para a Presidência, que mostrou crescimento das intenções de voto para o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), considerado antirreformista, enquanto o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), alinhado com o mercado, mantém-se com desempenho fraco. A oferta de swaps cambiais pelo Banco Central tem sido insuficiente para conter a escalada do dólar, que também se valorizou frente a boa parte de outras moedas fortes e emergentes.

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Essa é a maior cotação da moeda americana desde 7 de abril de 2016, quando fechou a R$ 3,6855. Naquela data, há 2 anos e um mês, o mercado avaliava que haviam caído as chances de um impeachment da presidente Dilma Rousseff, por conta das articulações que o governo fazia em Brasília,inclusive com a ajuda de Lula.

Dólar segue trajetória de alta Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

A pesquisa CNT/MDA divulgada no final da manhã, mostrou o crescimento de candidatos que desagradam os investidores, como Ciro Gomes e Jair Bolsonaro. Já Geraldo Alckmin, até o momento o preferido do mercado, não emplaca. Alguns analistas avaliam que o movimento de hoje é parte novamente da especulação. "Ainda não temos nem os candidatos definidos", diz um operador. "Mas toda essa incerteza pesa para os negócios", diz.

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Por conta desse mau humor, a mudança na atuação do Banco Central em seus leilões de swap cambial tiverem efeito zero no final do dia. Na noite de sexta, o BC informou que colocaria os swaps separadamente a partir desta segunda-feira, 14, parte para a rolagem de junho e parte para atender à demanda diária do mercado. Se continuasse operando da forma anterior, na prática, o BC primeiro terminaria a rolagem e depois acrescentaria contratos à liquidez diária. Mas, para boa parte dos operadores, o dólar reage ao cenário externo e o BC não vai conseguir resultados com pequenas intervenções no câmbio.

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Bolsa.  O Índice Bovespa iniciou a semana exibindo pouco fôlego para avançar além das suas melhores marcas do ano. Depois de ter alcançado alta superior a 1% pela manhã, o indicador perdeu fôlego, virou para o negativo ao longo da tarde e terminou o pregão estável, aos 85.232,18 pontos (+0,01%). Os negócios somaram R$ 12 bilhões.

O cenário doméstico foi apontado por profissionais do mercado como principal fator de desânimo do investidor, uma vez que o front externo forneceu mais elementos positivos que negativos. A alta do petróleo e do minério de ferro, por exemplo, sustentou as ações da Petrobras e da Vale, o que minimizou as perdas do Ibovespa à tarde.

A pesquisa MDA/CNT de intenção de voto foi o principal combustível do mau humor do investidor, já que não mostrou a esperada evolução de candidatos tidos como pró-mercado, como o tucano Geraldo Alckmin ou o ex-ministro Henrique Meirelles. Por outro lado, candidatos populistas, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o deputado Jair Bolsonaro, seguem na preferência do eleitor.

"O mercado se estressou com a pesquisa, ao constatar que é cada vez mais evidente a dificuldade dos candidatos reformistas de alcançar maiores níveis de popularidade. E isso ocorre em boa parte porque a economia não melhorou", disse André Perfeito, economista-chefe da Spinelli. O economista citou ainda o repique dos juros futuros de curto prazo como sinal desse estresse, na semana em que se espera um corte na taxa Selic.

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A persistente alta do dólar, mesmo em meio à maior oferta de hedge por parte do Banco Central, beneficiou ações de empresas exportadoras, mas foi fator de cautela. Segundo Carlos Soares, analista da Magliano, a alta do dólar ainda não gera estresse, uma vez que a inflação segue em patamares confortáveis. Porém, observa que o aumento das apostas em uma interrupção nos cortes de juros é algo que o mercado de ações observa com atenção.

"Ha ainda uma pressão vendedora que vem do exterior, com realização de lucros por parte de fundos que aplicam em mercados emergentes. Além do Brasil, o mercado também vê riscos eleitorais no México", disse o analista que, contudo, continua a projetar alta do Ibovespa para o médio prazo.

Na análise por ações, os destaques de alta ficaram com Petrobras ON (+4,15%) e PN (+3,14%), Vale ON (+3,12%) e CSN ON (+2,59%). Suzano ON subiu 4,99% e liderou as altas do Ibovespa, refletindo a escalada do dólar nos últimos dias.

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