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Dólar comercial fecha no patamar mais baixo desde setembro de 2000

A moeda norte-americana encerrou o dia cotada a R$ 1,8430, em baixa de 0,81%

Por REUTERS
Atualização:

O dólar voltou a cair nesta segunda-feira, 23, em reação ao cenário externo favorável e o contínuo fluxo cambial positivo, e fechou no menor patamar desde setembro de 2000. A moeda norte-americana encerrou o dia cotada a R$ 1,8430, em baixa de 0,81% em relação aos últimos negócios de sexta-feira.   Os efeitos da desvalorização do dólar   A moeda norte-americana acumula baixa de 13,76% no ano em meio à contínua entrada de divisas no país. Nesta segunda, foi anunciado o recorde de invenstimentos estrangeiros diretos. Operações pontuais levaram a entrada de recursos a um patamar recorde em junho. O total foi de US$ 10,318 bilhões, frente a US$ 1,060 bilhão no mesmo mês do ano anterior.   O chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, destacou que o montante surpreendeu. Mas, segundo ele, apesar de ter sido fortemente influenciado por três ou quatro grandes operações, também há um volume grande de recursos disseminados por vários setores.   Eles afirmou que essas grandes operações somaram por volta de US$ 7 bilhões a US$ 7,5 bilhões, com maior volume concentrado no setor siderúrgico (a operação da Arcelor/ Mittal, envolvendo cerca de US$ 5 bilhões). Também houve uma operação de cerca de US$ 1 bilhão no setor financeiro e US$ 1,150 bilhão no setor de prestação de serviços de empresas.   "No mercado de câmbio brasileiro, a tendência de preço da moeda americana (no curto prazo) continua sendo de depreciação, sem sinalização de um piso", disse Sidnei Moura Nehme, diretor-executivo da NGO Corretora.   Cenário externo   Nesta segunda, a recuperação das bolsas norte-americanas, que operavam em alta com notícias sobre aquisições e lucros corporativos após a forte queda de sexta-feira, contribuiu para a manutenção da tendência de baixa do dólar.   O BC informou ainda que os bancos reduziram a posição vendida em dólar - que apostam na queda da moeda norte-americana - para US$ 5,290 bilhões no dia 20 deste mês. No final de junho, a posição vendida das instituições era de US$ 7,278 bilhões.   Segundo Lopes, as operações especulativas dos bancos diminuíram depois das medidas cambiais adotadas pelo BC em junho, quando o limite de exposição dos bancos foi reduzido.   Tendência   Daniel Gorayeb, economista e analista de investimentos da corretora Spinelli, acrescenta que as posições vendidas em dólar se tornaram menos atrativas com a contínua valorização do real. "(Cerca de) dois meses atrás o dólar estava acima de 2 (reais). O pessoal já está desfazendo as posições porque não tem muito mais espaço para cair", disse.   Ele vê a possibilidade de uma diminuição da tendência de queda do dólar no longo prazo. "Ele pode até vir a chegar a 1,80 (real), mas não teria força para se manter abaixo disso... Ele deve se estabilizar na casa de 1,90 (real)", afirma, citando a progressiva desaceleração do superávit comercial.   Sidnei Nehme cita também a pressão de demanda criada por exportadores, que têm menos interesse em trocar dólares por reais a uma taxa muito baixa. "A um preço muito deprimido, os próprios exportadores reduzem a oferta esperando uma melhora, o que tende a provocar volatilidade ao longo do dia", disse.    

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