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Dólar contraria viés externo e sobe atento a Mantega

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Por Silvio Cascione
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A incerteza de investidores sobre uma atuação mais agressiva do governo evitou a queda do dólar frente ao real nesta quarta-feira, contrariando a tendência do mercado global. A moeda norte-americana teve alta de 0,17 por cento, a 1,721 real. No exterior, enquanto o mercado local fechava, o dólar caía 0,8 por cento ante uma cesta com as principais moedas e o euro avançava 1 por cento. O dólar chegou a cair perto de 1,700 real com a reação do mercado à promessa do Federal Reserve de oferecer mais estímulos à economia dos Estados Unidos, caso necessário, para combater uma possível deflação . Mas comentários do ministro da Fazenda, Guido Mantega, levaram ansiedade ao mercado. Ele disse que, para que o Fundo Soberano comece a atuar em conjunto com o Banco Central, "basta a Secretaria do Tesouro determinar que compre dólares". O ministro esclareceu ainda que o operador das compras do Fundo será o BC e completou que, em matéria de câmbio, é preciso atuar "sempre com muita prudência." O governo tem sido o responsável, "sem dúvida", para que o dólar se mantenha acima de 1,70 real, disse João Medeiros, diretor de câmbio da corretora Pioneer. "(O BC) vem tirando quase 1 bilhão (de dólares) por dia, todo dia, e o Fundo Soberano compraria o excesso... O câmbio vai continuar se arrastando." Outros analistas salientam que a taxa tem se mantido acima de 1,70 real mesmo sem o governo concretizar as ameaças de atuação mais firme, como por meio de um leilão de swap reverso ou com o próprio Fundo Soberano, que ainda não atuou. De acordo com Medeiros, é preciso agora ficar atento à definição do preço das ações da Petrobras na oferta pública, prevista para quinta-feira, para se ter uma ideia de quantos dólares ainda podem vir ao país por conta da operação. De acordo com dados do Banco Central, já entraram no país 11,135 bilhões de dólares em setembro, cifra mais de três vezes superior ao ingresso líquido acumulado no restante do ano . Do total do mês, os leilões de compra do BC absorveram 5,874 bilhões de dólares, com duas operações por sessão desde o dia 8. "Nunca antes neste país houve uma emissão acionária da magnitude ocorrida este mês (com a Petrobras), porém isso não muda o fato de que o governo central demonstrou estar disposto a acelerar muito as intervenções", afirmou Darwin Dib, economista do Itaú Unibanco, em relatório.

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