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Dólar descola do exterior e cai em sessão volátil

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Por Silvio Cascione
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O dólar fechou em baixa nesta sexta-feira, respeitando o patamar de 1,80 real após uma sessão bastante volátil e pontuada por ajustes de posição, com volume relativamente intenso na parte da manhã. A moeda norte-americana terminou o dia a 1,783 real, com queda de 0,45 por cento. Durante o dia, o dólar chegou a ser cotado a 1,800 real pela primeira vez desde 2 de outubro. Perto do fechamento do mercado de câmbio, o volume registrado pela clearing da BM&F --que exclui os leilões do Banco Central, mas representa a maior parte das operações no mercado à vista-- somava 3,5 bilhões de dólares. Desse montante cerca de 2,5 bilhões já havia sido registrado pela manhã. A concentração dos negócios na primeira parte do dia coincidiu com a subida do dólar a 1,80 real. De acordo com profissionais de mercado, a alta, que acompanhava a valorização do dólar no exterior, era estimulada pela cobertura de posições por parte de agentes vendidos na moeda norte-americana. Depois da alta de 1,42 por cento do dólar na semana, eles queriam diminuir a exposição a uma subida adicional da moeda. Os investidores com posições vendidas em dólares apostam na valorização do real, e têm prejuízo quando o dólar sobe. De acordo com dados da BM&FBovespa, os bancos figuram entre os principais investidores com essa posição em contratos futuros e de cupom cambial, com 11,2 bilhões de dólares na quinta-feira. Essa posição não inclui todos os tipos de derivativos cambiais. Além disso, no segmento à vista, eles estão comprados em 4,137 bilhões de dólares, segundo o Banco Central. A alta do dólar pela manhã, segundo alguns operadores, também foi impulsionada pela execução de ordens automáticas de compra ("stop-loss"), embora em menor intensidade que na véspera, quando a moeda teve a maior alta diária desde junho. MERCADO DEVOLVE DÓLARES A subida, porém, perdeu o fôlego no meio do dia. Além da falta de vigor do mercado externo, houve um aumento pontual da oferta de dólares, principalmente por exportadores, que queriam aproveitar a taxa de câmbio relativamente alta. Essas entradas contrabalançaram as saídas pontuais do começo do dia relatadas por alguns profissionais de mercado. "Eu tive venda de exportadores", disse Moacir Marcos Júnior, operador da Finabank. À tarde, com a diminuição do volume, o mercado local se descolou do mercado externo, que ainda apontava ligeira valorização do dólar. De acordo com o operador de um importante banco nacional, parte dos dólares comprados durante a manhã para cobertura de posições foram devolvidos ao mercado. Segundo ele, isso foi exacerbado pela ausência do Banco Central no mercado à vista no período da tarde, já que a autoridade monetária realizou seu tradicional leilão de compra na parte da manhã. Com isso, os agentes que esperavam vender dólares ao BC tiveram que fazê-lo no próprio mercado, favorecendo o declínio das taxas. José Carlos Amado, operador da corretora Renascença, viu movimento semelhante. "O movimento foi mais importante na parte da manhã. À tarde, o mercado já veio um pouco mais zerado. Às vezes sobrou alguém querendo vender um pouco mais de dólar."

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