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Na contramão do exterior, dólar fecha a R$ 3,68, menor valor desde maio

Mercado segue otimista com cenário eleitoral, com a possível vitória de Bolsonaro (PSL); Bolsa fechou estável

Foto do author Altamiro Silva Junior
Por Altamiro Silva Junior (Broadcast) e Paula Dias
Atualização:

Na contramão do movimento do câmbio exterior, o dólar  fechou em baixa de 1% nesta quarta-feira, cotado a R$ 3,6852 – menor valor desde 25 de maio. Em outubro, a moeda americana acumula queda de 9,03%. Além do otimismo com o cenário eleitoral, com a possível vitória do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL), o real foi favorecido pela entrada de capital externo por conta captações da JBS e da Invepar, que poderão somar US$ 1,150 bilhão quando forem concluídas.

Candidato afirmou que, caso saia vitorioso no segundo turno, o BC será independente de qualquer influencia política. Foto: Public Domain

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A entrada de capital externo ajudou a levar a moeda para abaixo dos R$ 3,70, nível em que a divisa estava encontrando resistência em romper nos últimos dias. Os investidores seguiram monitorando o cenário eleitoral e repercutiu positivamente nas mesas de câmbio a defesa de Jair Bolsonaro (PSL) da independência do Banco Central, embora siga relativizando o discurso sobre a reforma da Previdência. 

A moeda americana começou outubro valendo R$ 4,0299 e hoje, na mínima do dia, chegou a R$ 3,6652, a menor intraday desde o dia 28 de maio. Com o resultado das eleições praticamente já todo precificado, uma das questões nas mesas de operação é o que pode acontecer com o dólar nas próximas semanas. 

A estrategista de moedas em Nova York do Royal Bank of Canada (RBC), Tania Escobedo, acredita que o dólar pode cair a R$ 3,50 após o segundo turno, se Jair Bolsonaro, caso vença, começar a sinalizar mais claramente sua agenda de política econômica, que agora é o que interessa ao mercado. Mas esse patamar, ressalta ela, pode não ser sustentável, considerando que o cenário externo tende a continuar menos favorável aos emergentes, na medida em que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) deve seguir elevando os juros.

Outro ponto, ressalta a estrategista, é que Bolsonaro pode ter dificuldades no Congresso de avançar com a agenda de medidas econômicas. Outro ponto que pode estressar o mercado de câmbio é o relacionamento dele com o economista e futuro ministro, Paulo Guedes. "Bolsonaro já confrontou Guedes em alguns tópicos essenciais", disse ela. 

O diretor da CM Capital Markets, Fernando Barroso, avalia que o mercado tende nos próximos dias a permanecer na espera do detalhamento da agenda de Bolsonaro, caso seja o vencedor. Por isso, a tendência é que os agentes não alterem muito as posições nos próximos dias. No caso do dólar, ele ressalta que a queda que vem ocorrendo nos últimos dias foi reflexo de um desmonte de posições compradas na moeda americana, seguido por um fluxo de estrangeiros para aplicar na Bolsa e mesmo em fundos de renda fixa, tipo de operação que andava parada por conta da incerteza eleitoral. Hoje, além da entrada do capital de curto prazo, duas empresas anunciaram emissão de bônus lá fora, a JBS e a Invepar, dona da concessão do aeroporto de Guarulhos. No total, elas podem trazer US$ 1,150 bilhão ao País.

​Bolsa 

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Um movimento discreto de realização de lucros impediu a Bolsa de seguir na trajetória de alta dos últimos dias, apesar da continuidade dos ingressos de recursos externos no mercado. O Ibovespa oscilou majoritariamente em terreno negativo ao longo do dia e terminou o pregão praticamente estável, aos 85.763,95 pontos (+0,05%). 

Entre a máxima e a mínima do dia, o Ibovespa oscilou de 86.167 pontos (+0,52%) e 84.944 pontos (-0,90%). O viés de alta durou do início da tarde até próximo das 15h, quando o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) divulgou a ata de sua última reunião de política monetária. O documento foi considerado um pouco mais "hawkish" (duro), por ter sugerido aumentos de juros "acima da taxa neutra". Com isso, teve reflexo indireto no mercado doméstico, uma vez as bolsas de Nova York se firmaram em baixa após a divulgação.

"O pregão de hoje foi uma espécie de ressaca das altas fortes dos últimos dias, aqui e nos EUA. Essa estabilidade ocorreu porque, ao mesmo tempo em que houve realização de lucros em alguns papéis, os ingressos de recursos continuaram a acontecer", disse Alvaro Bandeira, economista-chefe da Modalmais. 

Na opinião de Pedro Paulo Silveira, economista da Nova Futura, o tom mais duro da ata do Fed já vinha sendo sinalizado e não chegou a trazer surpresa aos mercados. No entanto, ajudou a manter um ânimo mais cauteloso entre os investidores, depois da euforia dos últimos dias. Ainda assim, afirma, a queda do dólar e dos juros longos deu conforto ao mercado e favoreceu a alta de diversos papéis do Ibovespa.

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Entre essas altas estiveram Banco do Brasil ON (+0,86%) e B3 ON (+1,20%). Vale ON avançou 1,91%. Já os papéis da Petrobrás seguiram as fortes perdas dos preços do petróleo e caíram 0,67% (ON) e 1,05% (PN). O destaque de queda, no entanto, ficou com as ações do setor elétrico, em reação à rejeição do projeto de lei (PL) que destrava a venda das distribuidoras da Eletrobras no plenário do Senado, na noite de terça-feira.

Eletrobrás ON e PNB perderam 3,72% e 5,38%, respectivamente. Outros papéis do setor também foram penalizados, como Cemig PN (-0,84%), em meio a sinais de que Romeu Zema (Novo), candidato que lidera a disputa pelo governo do Estado, não está tão aberto à privatização da companhia. 

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