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Dólar deve cair após eleições, diz Figueiredo

Por Agencia Estado
Atualização:

O diretor de Política Monetária do Banco Central, Luiz Fernando Figueiredo, disse nesta segunda-feira que a taxa de câmbio está muito desvalorizada. Segundo ele, o ajuste que ocorreu ao longo deste ano é maior do que o depois da mudança de regime cambial, no início de 1999. Para o diretor, assim que forem reduzidas as incertezas em torno do processo eleitoral, o dólar deve sofrer um ajuste para baixo. "É muito provável um ajuste no curto prazo", afirmou. Figueiredo afirmou que a convicção de que haverá redução das incertezas vem da premissa que nenhum dos candidatos, ao tornar-se presidente da República, será irresponsável. "Todos deram sinal disso". Figueiredo atribuiu o grau de incerteza atual ao receio em relação ao futuro. "Tudo o que é novo a gente tem receio por definição e este é um momento novo", afirmou, acrescentando que nunca foi tão grande a chance da vitória da oposição no País. Figueiredo disse também que não se deve alimentar boas expectativas em relação ao cenário internacional. "Dá para esperar que não haja uma deterioração", disse ele, apostando, no máximo, numa estabilização do cenário atual, com uma retomada gradual do crescimento. Este cenário, segundo ele, "atrapalha e muito" o Brasil. "Se o ambiente estivesse razoável, o Brasil poderia crescer 3% a 4% neste ano, mesmo com as eleições", afirmou. Figueiredo acredita que este é o pior momento que a economia mundial já teve nas últimas décadas. Neste contexto, o crescimento da atividade econômica deste ano, segundo ele, é "até muito bom". Ele citou o desaquecimento das economias desenvolvidas, o aumento da aversão ao risco e os problemas das economias latino-americanas como exemplos das dificuldades da atual conjuntura internacional. "Não dá para termos pessimismo, mas devemos saber que estamos num período muito complicado", afirmou Figueiredo, durante palestra na Abit. Figueiredo foi duramente questionado pelos empresários reunidos em evento da Abit sobre a taxa de juro real, considerada muito alta por todos. Tentando não responder a essas perguntas, alegando que era difícil discutir o assunto na semana em que o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne, Figueiredo disse apenas que o Brasil está no caminho certo para ter uma taxa de juro real muito baixa. "Nós temos a taxa real que é possível", retrucou o diretor, ao responder a uma segunda rodada de questionamentos sobre o mesmo tema, negando que haja interesse ou vontade do BC de manter os juros altos.

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