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Dólar dispara em dia de fortes oscilações

Os mercados internacionais acompanharam hoje as fortes oscilações registradas em Nova York. Mas o dólar não resistiu às altas e quedas violentas no exterior e fechou em novo recorde histórico: R$ 2,9460.

Por Agencia Estado
Atualização:

Os mercados viveram um dia de montanha-russa hoje, registrando quedas impressionantes na manhã, que ultrapassaram os 6% em Londres e os 7% em Frankfurt, por exemplo. No mundo inteiro, as tendências se mantiveram alinhadas às oscilações em Nova York. À tarde, com a alta das bolsas, as altas se repetiram nos demais mercados. No Brasil, apenas o dólar não acompanhou a recuperação internacional, fechando no nível mais alto desde a criação do real, R$ 2,9460. A questão é que as quedas acumuladas nos Estados Unidos são extremas, e o mercado pode estar encontrando um novo parâmetro de estabilidade. Porém, como o estopim da crise são os escândalos contábeis, que não devem acabar até 14 de agosto, o risco para o investidor ainda é muito alto, e as reações a qualquer fato são muito nervosas. Até essa data, presidentes das 945 principais empresas norte-americanas devem ratificar os seus balanços passados. Depois disso, sofrerão sanções pessoais em caso de fraude. Analistas prevêem que é possível, e até provável, que surjam novos escândalos antes desse marco. Para quem investe em ações, esse é um risco muito grande, o que explica o nervosismo dos mercados. Também não se sabe qual será o efeito dessa crise na economia real. Por enquanto, as quedas dos últimos dois anos nas bolsas não têm contaminado tanto outros setores, mas cerca de 60% das economias dos norte-americanos está em ações. Quando elas caem, eles empobrecem. Agora teme-se que os gastos dos consumidores e os valores dos imóveis possam cair, o que indicaria uma crise mais generalizada. No Brasil, foi divulgada a ata da última reunião mensal do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada na quarta-feira passada. O documento não trouxe muitas surpresas, o principal destaque foi que a meta de inflação de 2002 já é dada como perdida, e o foco do governo são os anos de 2003 e 2004. O Comitê pressupõe responsabilidade fiscal e administrativa, além de respeito aos contratos pelo próximo governo. Conforme apurou o repórter Renato Andrade, o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, reafirmou, que se as turbulências do mercado continuarem como estão, é razoável se esperar que o governo brasileiro vá ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Segundo Fraga, a idéia do governo, se for necessário buscar um reforço do FMI, é a de se firmar um compromisso de mais curto prazo, de 6 a 12 meses para facilitar a transição nesse período de escassez de crédito. Para o presidente do BC, o Fundo está muito aberto para uma colaboração com o Brasil. Mercados O dólar comercial foi vendido a R$ 2,9460 nos últimos negócios do dia, em alta de 0,89% em relação às últimas operações de ontem, oscilando entre R$ 2,9300 e R$ 2,9700. Com o resultado dessa quarta-feira, o dólar acumula uma alta de 27,20% no ano e 4,47% em julho. No mercado de juros, os contratos de DI futuro com vencimento em janeiro de 2003 negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros pagam taxas de 22,000% ao ano, frente a 22,100% ao ano ontem. Já os títulos com vencimento em julho de 2003 têm taxas de 27,200% ao ano, frente a 27,000% ao ano negociados ontem. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em alta de 1,97% em 9937 pontos e volume de negócios de R$ 632 milhões. Com o resultado de hoje, a Bolsa acumula uma baixa de 26,81% em 2002 e 10,79% em julho. Das 50 ações que compõem o Ibovespa - índice que mede a valorização das ações mais negociadas na Bolsa -, 12 apresentaram quedas. O principal destaque foram os papéis da Embratel ON (ordinárias, com direito a voto), que subiram 20,00% e PN (preferenciais, sem direito a voto), com valorização de 14,38%. Depois de muitas quedas e ameaças de crise se a concorrência das teles fixas no mercado de longa distância se confirmar, executivos da empresa insistem que a concordata da controladora WorldCom não afeta a Embratel, que divulgou crescimento nas receitas e a captação de um empréstimo internacional de US$ 25 milhões. Dentre as quedas, a maior foi Globocabo PN, que perdeu 8,73%, em parte pela função do conselho da empresa ter decidido por um volume maior na emissão de ações e preço mínimo. Com isso, a operação irá contar com 800 milhões de novas ações, sendo 389 milhões de papéis ordinários e 411 milhões de preferenciais e não serão aceitas ofertas de subscrição a preços inferiores a R$ 1,21 por ações ON ou PN, segundo apurou a editora Graziella Valenti. Mercados internacionais Em Nova York, o Dow Jones - Índice que mede a variação das ações mais negociadas na Bolsa de Nova York - fechou em alta de 6,35% (a 8191,3 pontos), e a Nasdaq - bolsa que negocia ações de empresas de alta tecnologia e informática em Nova York - subiu 4,98% (a 1290,23 pontos). Às 18h, o euro era negociado a US$ 0,9958; uma alta de 0,60%. Na Europa, o índice FTSE-100 da bolsa de Londres caiu 2,10%, enquanto em Paris a queda foi de 1,51%. Em Frankfurt, onde a bolsa fecha mais tarde e chegou a acompanhar a retomada em Nova York, registrou-se alta no DAX de 3,32. Na Argentina, o índice Merval, da Bolsa de Valores de Buenos Aires, fechou em alta de 0,33% (364,22 pontos). O dólar oficial para venda voltou a subir para $ 3,62 pesos. Não deixe de ver no link abaixo as dicas de investimento, com as recomendações das principais instituições financeiras, incluindo indicações de carteira para as suas aplicações, de acordo com o perfil do investidor e prazo da aplicação. 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