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Dólar dispara em mais um dia tenso

Em um dia de muitas oscilações e nervosismo, os mercados mundiais voltaram a apresentar fortes quedas, que se refletiram em mais pessimismo no Brasil. Há pouco, o dólar comercial para venda chegava ao recorde histórico de R$2,9340.

Por Agencia Estado
Atualização:

Hoje está sendo mais um dia muito tenso nos mercados financeiros no mundo todo, com muitas quedas e fortes oscilações. No Brasil, o nervosismo também está comandando os negócios, e há pouco o dólar comercial disparou para R$ 2,9340 para venda, novo recorde histórico. A última preocupação é com o setor bancário norte-americano. Em Nova York, os índices oscilaram meio sem direção, alternando momentos de baixa com outros de alta. Os investidores parecem estar paralisados pelo medo, e a desejada recuperação não se materializa. Agora, o maior temor é que o setor bancário seja a bola da vez nos EUA. Esse temor foi agravado nos últimos dias por notícias sobre o envolvimento de instituições financeiras, como Citigroup e JP Morgan Chase, em operações fraudulentas de balanços da Enron, que faliu e foi o estopim de toda essa crise de confiança, e da WorldCom, que ontem pediu concordata. Executivos de ambos os bancos tiveram de prestar esclarecimentos esta manhã aos senadores norte-americanos sobre as transações com a Enron. Vale lembrar ainda que o Citigroup era um dos principais credores da WorldCom. As ações dos dois bancos voltaram a ser duramente castigadas. No início da tarde, Citi desabava 16,64% e JP Morgan caía quase 13%. A saúde financeira dos bancos nos EUA pode sofrer um baque com as perdas de capital decorrentes da queda contínua do mercado de ações, onde 60% dos americanos aplicam ou aplicavam seu dinheiro, e da crise corporativa. Uma crise no setor bancário nos EUA teria efeitos perversos sobre os países emergentes, que são altamente dependentes de financiamento bancário. Embora o medo da vez hoje seja o de uma crise profunda nos EUA, os boatos de pesquisa eleitoral também aproveitam para pegar carona nas turbulências. Hoje os rumores se voltam para a próxima pesquisa do Ibope, que, segundo comentam os operadores, reafirmaria a queda, já revelada pelo Vox Populi, do candidato do PSDB, José Serra. Segundo estes rumores, o Ibope traria Lula com 32%, Ciro com 22% e Serra com 13%, empatado tecnicamente com Garotinho. Este boato já teria corrido o mercado ontem, ajudando a pressionar as cotações. Após o encerramento dos negócios, as atenções devem se voltar para a entrevista da vice-diretora do Fundo, Anne Krueger, prevista para as 18h. Krueger deve falar após encontros que está tendo hoje em Brasília com o presidente Fernando Henrique, os ministros Pedro Malan e Sérgio Amaral e o presidente do BC, Armínio Fraga. Ao contrário do que se especulou na semana passada, porém, a maioria dos analistas não espera que a diretora faça qualquer anúncio referente a um possível "acordo de transição" entre o Brasil e o Fundo. Amanhã, neste horário, o BC estará divulgando a ata da última reunião do Copom, que deverá explicar os motivos da queda da Selic para 18%. Daqui a pouco, o Tesouro Nacional divulgará o resultado do leilão de até 500 mil títulos, entre LTN e LFT, que está sendo realizado hoje. A LTN tem vencimento em 4 de setembro de 2002 (42 dias) e a LFT, em 18 de setembro de 2002 (56 dias). O Tesouro emitirá ainda até 1,5 milhão dos papéis para a carteira do Banco Central. No final da manhã, o consenso do mercado para a LTN apontava taxa de 18,85% a 18,95%. Mercados Às 15h, o dólar comercial estava sendo vendido a R$ 2,9280; em alta de 0,90% em relação às últimas operações de ontem. Ao longo do dia, o valor mínimo negociado foi de R$ 2,8980 e o máximo, de R$ 2,9340. Com o resultado apurado agora, o dólar acumula uma alta de 26,42% no ano e de 3,83% em julho. No mercado de juros, os contratos de DI futuro com vencimento em janeiro de 2003 negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros pagavam taxas de 22,800% ao ano, frente a 21,900% ao ano ontem. Já os títulos com vencimento em julho de 2003 apresentam taxas de 27,100% ao ano, frente a 25,200% ao ano negociados ontem. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) opera em queda de 2,79% em 9619 pontos e volume de negócios de cerca de R$ 330 milhões. Com o resultado de hoje, a Bolsa acumula uma baixa de 29,17% em 2002 e de 13,66% só em julho. Das 50 ações que compõem o Ibovespa - índice que mede a valorização das ações mais negociadas na Bolsa -, 6 apresentaram alta. O principal destaque são os papéis da Embratel PN (preferenciais, sem direito a voto), que subia 6,38% e ON (ordinárias, com direito a voto), com alta de 6,22%. A maior queda era Embratel PN, que despencava 12,28%. Em Nova York, o Dow Jones - Índice que mede a variação das ações mais negociadas na Bolsa de Nova York - apresenta queda de 1,07% (a 7698,3 pontos), e a Nasdaq - bolsa que negocia ações de empresas de alta tecnologia e informática em Nova York - cai 1243,22% (a 3,07 pontos). O euro opera em queda de 1,59%; sendo negociado a US$ 0,9882. Na Argentina, o índice Merval, da Bolsa de Valores de Buenos Aires, em alta de 0,10% (364,81 pontos). E não deixe de ver no link abaixo as dicas de investimento, com as recomendações das principais instituições financeiras, incluindo indicações de carteira para as suas aplicações, de acordo com o perfil do investidor e prazo da aplicação. Confira ainda a tabela resumo financeiro com os principais dados do mercado.

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