PUBLICIDADE

Bolsa cai 0,5% e dólar vai a R$ 5,34 com debate crescente sobre retomada de auxílio

Investidores também acompanharam de perto o início da vacinação contra covid-19 no País, que enfrenta problemas logísticos e falta de insumos

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Apesar do dia positivo no mercado de Nova York, um dia antes da posse de Joe Biden como 46º presidente dos Estados Unidos, a Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, cedeu 0,50%, aos 120.636,39 pontos nesta terça-feira, 19, diante da possibilidade de retomada do auxílio emergencial, que representa um complicador do ponto de vista das contas públicas. Além disso, o começo ainda incerto da imunização contra a covid-19 no País, também chamou a atenção dos investidores. No câmbio, o dólar fechou em alta de 0,77%, a R$ 5,3456.

"A preocupação fiscal não irá embora até que se tenha, ao menos, a definição para a presidência da Câmara, no início de fevereiro. Também no começo do mês teremos o início da temporada de balanços, com os resultados de bancos, que serão sinais importantes sobre a economia. Há a  preocupação sobre a efetividade da vacinação: ainda há calafrios em relação a isso, ao cronograma, se conseguiremos ser tão efetivos como outros países para começar a virar a página da pandemia e iniciar a recuperação econômica", diz Leonardo Milane, economista e sócio da VLG Investimentos.

Problemas no início da vacinação contra covid-19 no País preocuparam os investidores. Foto: Tiago Queiroz/Estadão - 18/1/2021

PUBLICIDADE

Nesse cenário, chamou a atenção eventuais problemas com a entrega de vacinas, que enfrentaram atrasos em diversos Estados do País. Além disso, há a preocupação com a possível escassez de insumos, que pode afetar a produção dos imunizantes da Fiocruz e do Instituto Butantan, os únicos aprovados até o momento pela Anvisa.

"Assim como na semana passada, tivemos hoje uma realização normal. Eventual extensão do auxílio emergencial causa estresse, com o receio de piora fiscal, em situação que já é bem delicada. Não ajudaram também rumores de que a China venha a buscar uma diversificação maior no fornecimento de minério de ferro, o que afeta diretamente a Vale [hoje em queda de 0,27%]", aponta Pedro Lang, head de renda variável da Valor Investimentos, acrescentando que o setor de siderurgia responde por 15% a 16% do Ibovespa.

Maior perda do Ibovespa na sessão, CSN fechou em queda de 5,71%, impactada pela baixa no minério de ferro na China, seguida por Usiminas, com 4,71% e Hapvida, com 3,12%. Gerdau PN cedeu 2,95%. No lado oposto, BTG subiu 3,12%, à frente de Suzano, com 3,03%. Entre as ações de maior peso, destaque para Petrobrás PN e ON, com altas de 2,21% e 1,25% cada. Os grandes bancos, segmento de maior peso no índice, registraram perdas em bloco, entre 1,19%, de Itaú PN e 2,16%, de Santander. 

O giro financeiro do pregão totalizou R$ 29,8 bilhões. No ano, o índice tem ganho de 1,36%, com avanço de 0,24% nesta semana.

Por outro lado, o apetite do investidor estrangeiro por ações brasileiras, visto desde novembro, contribui para limitar o escopo das correções na B3. De acordo com dados divulgados hoje, o estrangeiro ingressou com R$ 883,243 milhões em 15 de janeiro, encerrando a semana com fluxo positivo de R$ 8,084 bilhões - o intervalo entre os dias 11 e 15 foi marcado por três sessões de baixa, que colocaram em 3,78% as perdas do Ibovespa no período. Em janeiro, o fluxo líquido de ingresso estrangeiro chega a R$ 18,846 bilhões, o que já o torna, em termos nominais, o melhor primeiro mês do ano desde 1994, quando o levantamento mensal começou a ser disponibilizado.

Publicidade

Câmbio

O real operou hoje descolado de outras emergentes e ficou com o pior desempenho do dia ante o dólar, considerando uma cesta de 34 divisas mais líquidas. A moeda americana bateu em R$ 5,36 na máxima do dia, com os participantes do mercado preocupados com o lento processo de vacinação no Brasil, a possibilidade de prorrogação do auxílio e a volta da discussão sobre recriar um imposto sobre transações financeiras, nos moldes da antiga CPMF. Hoje, o dólar para fevereiro fechou em alta de 1,13%, a R$ 5,3610.

A terça-feira foi marcada por uma série de notícias que pressionaram o câmbio e fizeram o risco-País, medido pelo Credit Default Swap (CDS) de 5 anos do Brasil, superar os 170 pontos, no maior nível desde novembro do ano passado. Os estrategistas do Citigroup em Nova York dizem que as vacinas aprovadas até agora no Brasil são suficientes apenas para 1,5% da população brasileira e incertezas permanecem sobre o processo, que é essencial para a retomada da atividade com mais força.

Além disso, alguma tensão também ficou por conta da decisão de política monetária do Copom, que fala amanhã se mantém a Selic, taxa básica de juros da economia, em 2%. Entre os especialistas, a expectativa é de manutenção, mas com a diferença de que o Banco Central deve apontar para necessidade de alta da taxa antes do esperado./ LUÍS EDUARDO LEAL, ALTAMIRO SILVA JÚNIOR E MAIARA SANTIAGO

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.