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Dólar fecha em alta de 1,43% e Bolsa sobe 0,49%

Incertezas no cenário externo continuam. Vários países subiram as taxas de juros, provocando a queda da bolsa de países da Ásia e Europa

Por Agencia Estado
Atualização:

O dólar comercial encerrou o dia cotado a R$ 2,2720, em alta de 1,43% em relação aos últimos negócios de ontem. Durante o dia, a moeda norte-americana oscilou entre a máxima de R$ 2,2900 e a mínima de R$ 2,2530. Apesar da alta, o dólar ainda acumula queda no mês de junho, de 2,20%. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), depois de operar em forte queda durante o dia, encerrou a quinta-feira em alta de 0,49%. As incertezas no mercado externo continuam. Os bancos centrais da Coréia do Sul, da Índia e da África do Sul surpreenderam com elevação de 0,25 ponto percentual cada uma de suas taxas de referência para o mercado local, minimizando qualquer chance de o esperado aumento de 0,25 ponto percentual do juro pelo Banco Central Europeu (BCE) causar impacto nos mercados. A Dinamarca, para ajustar-se à Europa, igualmente elevou o juro hoje, em 0,25 ponto percentual; comenta-se que o banco central da Suíça também puxará sua taxa na semana que vem, para entrar em sintonia com o BCE. Ontem, a Turquia puxou o juro em 1,75 ponto percentual para segurar o crescimento e conter a inflação. A Nova Zelândia e a Austrália tiveram reunião de política monetária ontem e na terça-feira, respectivamente, e não elevaram suas taxas, provavelmente porque estas já se encontram nos níveis mais elevados em oito e cinco anos, respectivamente. O presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, acenou com a possibilidade de novas altas, mas o fato de não ter citado a palavra vigilante em seu discurso minimizou as apostas de aumento na próxima reunião de julho. Trichet observou que, ao contrário do que o mercado pensava, as autoridades chegaram a discutir uma elevação maior no juro hoje, de 0,50 ponto percentual. Trichet observou também que as taxas de juro na zona do euro continuam em patamares reduzidos, com a política monetária acomodatícia, e que o BC irá monitorar todos os riscos de inflação, os quais considera elevados. Impacto direto nas bolsas Juros mais altos deixam o investimento em ações menos atrativo, já que prejudica o lucro das empresas. Isso porque o custo de produção fica mais caro e o consumo, inibido. Na Ásia, tais preocupações produziram perdas de 3% na Bolsa de Tóquio. A Bolsa da Coréia do Sul caiu mais de 2%. Na Argentina, a baixa foi de 0,86%. Londres fechou com baixa de 2,51%. Na Bolsa de Paris, o índice CAC-40 fechou em queda de 140,43 pontos (2,91%). A Bolsa de Frankfurt fechou em baixa de 2,90%. Na Bolsa de Milão, o índice de ações fechou em queda de 2,26%. Na Bolsa de Madri, o índice caiu 2,42%, em 10.952,60 pontos. É a primeira vez desde janeiro que o Ibex fecha abaixo dos 11 mil pontos. Em Lisboa, a bolsa fechou em queda de 1,52%. Contudo, no final do dia, o governo norte-americano deu declarações positivas a respeito da economia norte-americana e das perspectivas para a inflação no país. O índice Dow Jones - que mede o desempenho das ações mais negociadas na Bolsa de Nova York - fechou em leve alta de 0,07%. A Nasdaq - bolsa que negocia ações do setor de tecnologia e Internet - não conseguiu se recuperar e fechou e queda de 0,30%. Mercado interno No mercado interno, o dia começou com a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que reduziu a Selic, a taxa básica de juros da economia, de 15,75% para 15,25% ao ano. O documento mostrou que, mesmo reconhecendo que a volatilidade internacional gera incertezas em relação à inflação futura, o BC continua considerando esse quadro como transitório. A ata do Copom trouxe como novidade em relação ao documento anterior justamente a análise do cenário externo. O Copom diz que "é forçoso reconhecer que o aumento recente na volatilidade nos mercados financeiros internacionais) gerou uma elevação na incerteza em relação ao comportamento futuro da inflação". E afirma também que, na eventualidade de se verificar "uma exacerbação dos riscos", a política monetária "será prontamente adequada às circunstâncias". Ou seja, os juros poderiam deixar de cair ou o ritmo dessa queda no futuro poderia ser menor. O petróleo foi citado como outra preocupação, com preços em patamares elevados e excessivamente voláteis. A palavra "parcimônia" (em relação à política monetária), introduzida na ata anterior, foi repetida no texto divulgado hoje. Contudo, ficou claro que o Copom tem uma visão menos pessimista em relação ao cenário externo. De acordo com o texto, as causas principais da instabilidade externa têm "caráter transitório", ao mesmo tempo em que destaca os "sólidos fundamentos da economia brasileira". Ou seja, o documento veio dentro do conservadorismo esperado pelo mercado, mas não tão pesado quanto poderiam imaginar alguns. A divulgação do Índice de preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado como referência para a meta de inflação, de maio foi uma boa notícia e ajudou a tranqüilizar o mercado. O Índice ficou em 0,10%, ante 0,21% em abril, sendo a queda no preço do álcool (-11,06%) o principal fator responsável pela baixa do resultado geral. Em 12 meses, o IPCA está em 4,23%, abaixo da meta de 4,50%. É a primeira vez, neste ano, que a inflação acumulada em 12 meses fica abaixo da meta fixada para o ano.

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