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Dólar fecha em R$ 4,21, na maior cotação nominal do Plano Real

A pressão no câmbio ajudou os juros futuros a subirem, especialmente na ponta longa

Foto do author Altamiro Silva Junior
Por Altamiro Silva Junior (Broadcast) e Luis Eduardo Leal
Atualização:

O dólar fechou em nova máxima história, a R$ 4,2145, o maior valor do Plano Real. A moeda subiu 0,52% nesta segunda-feira e já acumula valorização de 5,12% em novembro. O dia foi de alta da moeda americana ante divisas emergentes. Mas o movimento aqui foi potencializado por fluxo de saída de recursos e pela divulgação de uma déficit da conta corrente pior que o esperado. Como reflexo, o real acabou sendo a moeda com pior desempenho ante o dólar, em uma cesta de 34 moedas mundiais. Apesar da nova alta do dólar, operadores no mercado de câmbio não observaram problemas de liquidez. Os indicadores técnicos do mercado mostram que tem havido aumento da demanda pela moeda americana, mas que é considerada comum nesta época do ano, sazonalmente marcada por maior procura pela divisa americana por conta de remessas de lucros e dividendos. No mercado futuro, o dólar foi a R$ 4,2330 e, no à vista, a máxima foi de R$ 4,2203.

Dólar tem novo recorde nesta segunda-feira, 25 Foto: Reuters

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A segunda-feira foi marcada por piora de várias moedas emergentes, em meio ao aumento do otimismo com algum progresso nas negociações comerciais entre a China e os Estados Unidos, ressalta o responsável pela área de câmbio da Terra Investimentos, Vanei Nagen. "Os dados da conta externa piores que o previsto também pesaram no câmbio", completa.

O déficit nas transações correntes chegou a US$ 7,8 bilhões em outubro, segundo o Banco Central. Foi o segundo pior resultado para outubro desde o início da série histórica, em 1995, ficando melhor apenas que o dado de 2014 (-US$ 9,305 bilhões). Na avaliação do economista-chefe do Goldman Sachs para a América Latina, Alberto Ramos, a piora do número decorre de uma combinação de eventos, incluindo o menor superávit na conta comercial, afetado pela desaceleração da economia mundial, e déficit maior na conta de serviços. Ele observa ainda, que houve significativo aumento na saída de recursos por conta do pagamento de lucros e dividendos.

Bolsa

O Ibovespa teve uma sessão negativa, descolado dos mercados do exterior, após ter acumulado ganho de 2% na semana passada. Nesta segunda-feira, o Ibovespa fechou em baixa moderada, de 0,25%, a 108.423,93 pontos, atingindo 108.079,87 pontos na mínima e che, gando a 108.914,73 pontos, na máxima do dia. O giro financeiro foi de R$ 16,1 bilhões, abaixo da média do mês. Pouco depois das 16ho Ibovespa ameaçou virar, limitando as perdas a 0,03%. No mês, o Ibovespa acumula agora ganho de 1,12%, com 23,37% de avanço no ano. No boletim Focus desta segunda-feira, os analistas ouvidos pelo BC ajustaram as estimativas para a Selic no fim de 2020, elevando a aposta, de 4,25% para 4,50%, com IPCA mantido a 3,60%, mas ajustado de 3,33% para 3,46% no fim do ano em curso, com a expectativa para o PIB também em alta, passando de 0,92% para 0,99% em 2019. A perspectiva de um ciclo menos prolongado de corte de juros é um fator que pode afetar o apetite por ações, em um cenário político e econômico ainda marcado por incertezas, especialmente em relação à progressão de reformas adicionais, como a tributária e a administrativa.

Destaques

Nesta sessão, o desempenho das ações de bancos foi contraponto negativo ao bom comportamento da Vale (+1,66%, a R$ 50,86 para a ação ordinária) e da siderurgia (Gerdau PN +0,66% e Usiminas PNA +2,19%), em dia no qual o preço do minério de ferro avançou mais de 3% na China. A perspectiva de que o setor siderúrgico reajuste preços em 2020 também contribui para o avanço das ações - na semana passada, a Gerdau anunciou aumentos para janeiro nos aços longos. Em outro desdobramento positivo, forte leitura sobre as compras de carne pelo país asiático em outubro impulsionou as ações do segmento, destaque de alta do dia, com ganhos entre 5% e 9% para as ações de empresas como BRF, JBS e Marfrig. "O dia teria sido positivo não fosse o peso das ações de bancos", diz Ari Santos, gerente de Ibovespa na H.Commcor.

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