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Dólar fecha no patamar mais alto desde agosto de 2005

Durante o dia, a moeda norte-americana oscilou entre a máxima de R$ 2,4050 (patamar mais alto deste ano) até a mínima de R$ 2,3240

Por Agencia Estado
Atualização:

O dólar comercial encerrou o dia no patamar mais alto desde agosto de 2005, cotado a R$ 2,4000. Naquela data, a moeda norte-americana fechou em R$ 2,4030. A variação diária hoje - alta de 4,67% - é a maior variação em quase quatro anos - desde 24 de setembro de 2002. Durante o dia, a moeda norte-americana oscilou entre a máxima de R$ 2,4050 (patamar mais alto deste ano) até a mínima de R$ 2,3240. Com o resultado de hoje, o dólar registra alta de 15% em maio. Às 16h38, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) opera em queda de 1,51% e o risco Brasil - taxa que mede a desconfiança do investidor estrangeiro em relação à capacidade de pagamento da dívida do País - está em 288 pontos. Investidores buscam segurança O colunista do Estado, Celso Ming, explica o nervosismo nos mercados: "O tombo das bolsas, a valorização do dólar e o avanço dos prêmios de risco mostram que os aplicadores estão atrás mais de segurança que lucro. Por trás desses movimentos estão as espetadas da inflação dos Estados Unidos. Em abril, apenas o núcleo da inflação, que é o número expurgado dos preços dos alimentos e da energia, saltou 2,3% em 12 meses, muito acima dos padrões. Inflação ocorre quando os desequilíbrios da economia não são consertados a tempo. Um dos desequilíbrios é o enorme déficit nas contas externas dos EUA, de US$ 700 bilhões, coisa de 7% do Produto Interno Bruto (PIB). Isso significa que o consumidor está gastando mais do que ganha. Os preços sobem, a gasolina ficou muito mais cara, o valor dos imóveis está onde nunca esteve. Em vez de cortar despesas para ajustar seu orçamento, o americano está hipotecando imóveis para torrar o dinheiro no consumo. Por enquanto, a China vai transferindo poupança na forma de compra de títulos do Tesouro americano. Essa situação é insustentável. O que o mercado está perguntando é sobre quando começará o ajuste e se ele será suave ou brusco. Se for brusco, os juros norte-americanos terão de subir acima dos 5% ao ano, onde estão hoje, e poderão (ou não) pôr em marcha uma recessão. Se isso acontecer, o comércio será reduzido e a economia globalizada enfrentará uma paradeira. Os holofotes estão voltados para o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) que terá agora de decidir para onde vão os juros. O homem é Ben Bernanke, que está mandando sinais contraditórios. Um dia, dá a entender que os juros americanos vão passar por um período "de pausa" e, no outro, que subirão o quanto for necessário para controlar a inflação. As contas externas do Brasil estão em melhores condições para enfrentar a eventualidade de um tranco. Mas algum estrago seria inevitável. O problemão é a dívida alta demais e essa enorme propensão do governo a gastar demais, que puxa os juros, a dívida, os juros."

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