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Tensão cresce no mercado global e faz dólar ir a R$ 4,65 e Bolsa recuar 4,65%

Moeda americana registrou a 12ª alta consecutiva e já acumula avanço de 15,9% no ano, apesar das intervenções do Banco Central; economistas se dizem surpresos com escalada observada no câmbio e Bolsas perdem no mundo inteiro

Foto do author Altamiro Silva Junior
Por Altamiro Silva Junior (Broadcast) e Renée Pereira
Atualização:

Em mais um dia de estresse no mercado global por causa dos temores em relação aos efeitos do surto de coronavírus, o dólar resistiu às três intervenções do Banco Central (BC) e fechou em alta de 1,56%, cotado em R$ 4,651. A Bolsa brasileira (B3) também sucumbiu ao mau humor global e caiu 4,65%, para 102.233 pontos, acompanhando o desempenho ruim das bolsas americanas. 

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As Bolsas caem pelo mundo todo e o dólar se valoriza porque os investidores temem os efeitos causados pelo surto na produção, no consumo e nas viagens, por exemplo. Essa paralisia deve afetar os resultados das empresas.

Na quinta, 5, o dólar registrou a 12.ª alta consecutiva, apesar de o BC injetar US$ 3 bilhões no mercado ao longo do dia. A atuação, no entanto, foi considerada tímida pelos operadores e teve pouco efeito na cotação, que chegou a bater em R$ 4,667. Diante do cenário, o BC anunciou, no fechamento do mercado de quinta, novo leilão para esta sexta, de US$ 2 bilhões.

No mercado, economistas se dizem surpresos com a velocidade da alta do dólar nas últimas semanas. Desde janeiro, a valorização da moeda americana foi de 15,9%, o que dá ao real o pior desempenho numa cesta de 34 moedas. “Não contávamos com essa pressão forte no câmbio”, afirma o economista da Tendências Consultoria Integrada, Silvio Campos Neto. Para ele, há uma tempestade perfeita que está conduzindo o movimento dos investidores no mundo.

O principal fator que tem ditado o humor do mercado financeiro desde o fim de janeiro é a disseminação do coronavírus e temores sobre os seus efeitos na economia global, diz o estrategista da RB Investimentos, Gustavo Cruz. Isso levou o Fed, o banco central americano, a fazer corte extraordinário nos juros esta semana, o que mexeu com as expectativas do mercado. O Congresso americano aprovou um pacote fiscal de US$ 8,3 bilhões para minimizar os efeitos do surto. 

PIB

Mas as notícias locais também têm dado motivo para a forte turbulência dos mercados e contribuído para manter o real desvalorizado. Segundo Campos Neto, o desempenho da moeda também está relacionado ao desempenho da economia, que em 2019 cresceu apenas 1,1%. Junta-se a isso o fato de a taxa de juros do País estar no menor patamar da história. “A contrapartida é essa. Hoje não há mais atrativo para o investidor colocar dinheiro aqui.”

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Para completar o quadro interno, as reformas necessárias para o crescimento sustentável do País estão estagnadas, diz o economista sênior da XP, Marcos Ross: “Está tudo parado. E o reflexo disso é no desempenho da economia.”

Moeda americana vem batendo recordes consecutivos de alta. Foto: JF Diorio/ Estadão
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