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Dólar pode continuar pressionado

O dólar pode continuar oscilando em patamares muito elevados por conta de grande volume de vencimentos cambiais em meio a muitas incertezas no cenário interno e externo. A inflação já começa a subir por causa do câmbio.

Por Agencia Estado
Atualização:

Esperava-se que, depois de atingir um pico de R$ 3,81 na terça-feira, o dólar baixasse nos dias seguintes. Mas, os fatores de pressão daquele dia continuam, e o mercado está muito nervoso, o que mantém a moeda norte-americana em patamares impensáveis há poucos meses, acima de R$ 3,70. A brutal desvalorização do real está pressionando os preços dos importados, com efeitos sobre a inflação. Ontem foi divulgado o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) de setembro, que ficou em 2,40%. A Fundação Getúlio Vargas (FGV), que calcula o índice, acredita que o número de outubro pode ser ainda maior. Esse é um mau sinal, pois se a inflação começar a disparar por causa do preço dos importados, além dos aumentos nos preços internacionais do petróleo por causa da possível guerra no Iraque, o governo pode acabar elevando os juros. A Selic, taxa básica referencial de juro da economia, está atualmente em 18% ao ano, e não tem sido reduzida por causa das turbulências no mercado dos últimos meses. Mas o regime adotado pelo governo é de metas de inflação, e se os preços começarem a disparar, a Selic pode ser elevada para encarecer o crédito e conter o consumo. Como a economia está muito desaquecida e o mercado já está muito agitado, uma alta nos juros pode ter efeitos indesejáveis sobre a atividade econômica e sobre os preços das ações na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). E os analistas comentam que as próximas semanas serão difíceis no mercado. Na terça-feira há novo vencimento de um grande volume de papéis cambiais de cerca de US$ 1,25 bilhão e o Banco Central pretende renovar somente 70% deste total. As especulações para manipular a taxa de câmbio que corrigirá esses contratos (de segunda-feira) já começaram. Além disso, 30% desse valor será resgatado, e ao menos uma parte desses investidores pode optar por comprar dólares para manter seus recursos protegidos da variação do câmbio. Nos próximos meses, os vencimentos se acumulam, porque o governo foi renovando muitos contratos ao longo do ano, com prazos cada vez mais curtos, evitando novos papéis depois da posse do próximo presidente. Assim, a pressão sobre os mercados tende a ser crescente se o cenário não melhorar. O maior vencimento de cambiais do ano ocorre dia 17 de outubro, cerca de R$ 3,62 bilhões. Já no dia 23 de outubro, vence mais US$ 1,09 bilhão. Mas mesmo que a pressão dos cambiais agrave a situação, as próximas semanas não devem ser calmas por conta da sucessão presidencial. A pouco mais de uma semana das eleições, o quadro ainda é muito incerto, especialmente para José Serra (PSDB/PMDB), o candidato favorito dos mercados. Luiz Inácio Lula da Sivla (PT/PL) pode vencer já no primeiro turno, e mesmo se não atingir os 50% necessários em 6 de outubro, não se pode prever com alguma segurança quem será seu adversário. Serra ainda é o favorito nas pesquisas de opinião, mas tem uma vantagem pequena sobre os demais, o que abre espaço para mudanças de última hora na disputa. Além disso, do ponto de vista internacional, uma retomada da economia mundial ainda é incerta e os Estados Unidos, juntamente com alguns aliados, estão tomando as medidas necessárias para uma ofensiva militar no Iraque. Com isso, as bolsas internacionais continuam operando em níveis muito baixos e os preços do petróleo seguem altos. Mercados O dólar comercial foi vendido a R$ 3,7600 nos últimos negócios do dia, em alta de 2,59% em relação às últimas operações de ontem. No mercado de juros, os contratos de DI futuro com vencimento em janeiro de 2003 negociados na Bolsa de Mercadorias & Futuros pagam taxas de 21,720% ao ano, frente a 21,570% ao ano ontem. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em queda de 0,99% em 9199 pontos . Em Nova York, o Dow Jones - Índice que mede a variação das ações mais negociadas na Bolsa de Nova York - fechou em alta de 1,98% (a 7997,1 pontos), e a Nasdaq - bolsa que negocia ações de empresas de alta tecnologia e informática em Nova York -caiu 0,06% (a 1221,61 pontos). O euro fechou a US$ 0,9770; uma queda de 0,08%. Na Argentina, o índice Merval, da Bolsa de Valores de Buenos Aires, fechou em alta de 3,33% (392,76 pontos). Não deixe de ver no link abaixo as dicas de investimento, com as recomendações das principais instituições financeiras, incluindo indicações de carteira para as suas aplicações, de acordo com o perfil do investidor e prazo da aplicação. Confira ainda a tabela resumo financeiro com os principais dados do mercado.

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