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Dólar pronto na BM&F sobe 6,39% na abertura e atinge R$ 2,53

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Por Redação
Atualização:

O dólar pronto, na Bolsa de Mercadorias e Futuros de São Paulo, bateu o teto de R$ 2,53 por volta das 10h30 desta quinta-feira. Esta é a cotação limite para esta quinta-feira.  O dólar para novembro atingiu o limite de alta estipulado para hoje, agora há pouco, na BM&F e o mercado perdeu a liquidez. Por alguns minutos não foram feitas negociações com esse contrato.  Mercado hoje Esta quinta-feira ainda está começando para muitos mercados, mas já tem sua coleção de más notícias. No Japão, o superávit despencou 85,6%, para US$ 8,2 bilhões, no primeiro semestre do ano fiscal do país (abril a setembro) em comparação com igual período do ano passado. A maior queda desde o início da série, em 1980. O mau desempenho foi debitado ao recuo do superávit comercial com a Europa - continente que também tem sido afetado agudamente pela crise iniciada nos EUA. Talvez o Japão esteja pagando o preço da valorização de sua moeda, o iene, em relação ao euro.   Se o superávit do Japão com a Europa recua, é porque os europeus estão produzindo e consumindo menos. As encomendas à indústria na zona do euro caíram 1,2% em agosto ante julho e 6,6% em comparação a agosto de 2007. Grande parte das perdas teria sido motivada pelo declínio acentuado no setor de equipamentos para transporte, de acordo com a agência de estatísticas da União Européia (Eurostat). A magnitude da queda surpreendeu economistas consultados pela Dow Jones Newswires, que estimavam um aumento mensal de 0,5% e um declínio anual de 0,4%.   No Reino Unido, a má notícia vem das vendas no varejo, que cederam 0,4% em setembro sobre agosto. Em relação a setembro de 2007 ainda houve alta, de 1,8%, mas foi o menor aumento anual desde 2006. Os números ficaram abaixo do esperado pelos economistas.   No Brasil, os sinais de desaceleração também vão aparecendo. Ontem, o BC informou uma reversão na escalada de crescimento do crédito, que cedeu 13% nos dez primeiros dias de outubro. A pesquisa Focus desta semana trouxe uma redução da previsão de crescimento do PIB em 2009, de 3,5% para 3,35%. Mas não se deve descartar novas revisões para baixo nas semanas seguintes. Em entrevista ontem à noite à Globo News, o economista Marcelo Carvalho, do Morgan Stanley, afirmou que o Brasil "é muito mais sensível ao cenário global do que as pessoas imaginam". Ele disse que o PIB brasileiro poderá crescer cerca de 2% no ano que vem, ou menos do que isto.   Vale notar que o desaquecimento e os problemas financeiros, que até um mês atrás pareciam concentrados nos países ricos (EUA, Europa ocidental e Japão), agora atingem os países emergentes com mais contundência. O Brasil está longe de ser uma exceção. Pelo contrário, muitos outros emergentes enfrentam turbulências até mais graves. Na Argentina, a já fraca Bolsa de Buenos Aires está ameaçada agora até de desaparecer, segundo alguns analistas, depois de o governo anunciar a estatização dos fundos de pensão, maiores investidores em ações do País. No Leste Europeu, vários países com déficits em transações correntes estão na berlinda. A Ásia parece mais protegida por suas reservas imensas, mas ainda assim a desaceleração econômica é uma realidade que não poupa nem mesmo a China.   Para onde quer que se olhe, os riscos ainda parecem elevados. A queda das commodities aflige os países exportadores e também suas empresas. No Brasil, a baixa das matérias-primas e produtos agropecuários no exterior chega num péssimo momento: justamente quando as empresas exportadoras mais precisam de alento diante dos prejuízos que muitas delas tiveram com derivativos cambiais. Depois da primeira rodada de perdas anunciadas pela Sadia, Aracruz e Votorantim, companhias como a Gol e Suzano também relatam perdas com exposição cambial. Segundo o jornal Valor, também a Vicunha Textil admitiu perdas com posições vendidas em dólar.   Para o mercado, a maior angústia parece ser que não se sabe ao certo a quantidade de empresas e o montante total das perdas. Afinal, algumas grandes companhias não faziam as operações na BM&F, e sim no exterior, o que dificultaria a monitoração do problema pelo BC e a CVM. Enquanto não se sabe o tamanho desta exposição cambial das empresas, o mercado tende a continuar pressionado; ao passo que os especuladores na ponta comprada ficam em posição (aparentemente) mais confortável.   Embora o presidente Lula evite a expressão "pacote", a soma de todas as medidas já adotadas pelo governo para contornar a crise - que vão de liberações de compulsório a leilões no câmbio - é bastante significativa. Estima-se em mais de R$ 200 bilhões o valor dos estímulos econômicos já oferecidos. Depois da MP permitindo que a CEF e o BB comprem outros bancos e empresas, ontem à noite foi anunciada mais uma medida: a zeragem do IOF para o capital estrangeiro, com a qual certamente o governo pretende amenizar as pressões no câmbio.   Nem tudo é notícia ruim. A suíça Nestlé, por exemplo, divulgou resultado positivo hoje. Porém, como se acredita que alimento é o último item a ser cortado mesmo na mais grave das crises, realmente não havia qualquer temor em relação ao desempenho da maior empresa global do setor. No setor financeiro, que está no epicentro da crise, contudo, os ventos continuam soprando contra. O prejuízo de US$ 23,9 bi divulgado ontem pelo Wachowia ficou pior do que o esperado pelos analistas, mas de certa forma é facilmente compreendido pelo fato de as dificuldades do banco serem conhecidas. Na Europa, o Credit Suisse informou hoje que teve um prejuízo líquido total de 1,3 bilhão de francos suíços (US$ 1,16 bilhão) no terceiro trimestre. E as perspectivas da indústria bancária mundo afora para este quarto trimestre continuam negativas. Aliás, poderão começar a ficar também negativas, ou pelo menos não tão boas como estavam, até mesmo em países onde a crise demorou mais para bater. (Com Josué Leonel, colaborador da AE)

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