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Dólar recua e tem menor fechamento desde maio de 1999

Por FABIO GEHRKE
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O dólar fechou em baixa pela quarta sessão seguida nesta quinta-feira, se descolando do mercado externo e atingindo o menor nível desde maio de 1999. Apesar de o dólar já acumular queda de 3,71 por cento em 2008, mesmo com um início de ano tumultuado pela crise que atinge a economia dos Estados Unidos, analistas acreditam que a moeda norte-americana pode cair ainda mais ante o real. Nesta sessão, o dólar caiu 0,81 por cento, a 1,711 real, cotação mais baixa desde a segunda metade de maio de 1999. A Bolsa de Valores de Nova York operava no vermelho, atingida pela divulgação de dados abaixo do esperado sobre o setor manufatureiro do Meio-Atlântico dos EUA. Mas as quedas em Wall Street não foram suficientes para arrastar o mercado cambial por aqui. "A tendência é (o dólar) continuar rompendo patamares em direção a 1,70 (real). Os investidores estão, de maneira geral, bastante otimistas em relação ao Brasil. E, como o juro interno no Brasil é alto, ainda ocorrem ingressos de recursos e isso dá continuidade à queda do dólar. Se o cenário externo voltar a precificar risco maior, o dólar pode ter uma alta pequena", afirmou Miriam Tavares, diretora de câmbio da AGK Corretora. Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora de Câmbio, menciona a evolução dos fundamentos da economia brasileira como motivo para as recentes quedas do dólar. "Nos últimos dias estão falando na possibilidade do 'investment grade' para o Brasil ainda para este ano... E agora temos a notícia de que o Brasil passou a ser credor externo", disse Galhardo. Nesta quinta, o Banco Central apresentou relatório mostrando que o país é credor externo, ou seja, tem ativos disponíveis que superam todo o endividamento externo. "Os nossos fundamentos estão bastante positivos, e isso traz esse fluxo de entrada de dólar", comentou o gerente de câmbio de um banco internacional que preferiu não ser identificado, ressaltando ainda a importância dos altos preços das commodities para o fortalecimento da entrada de divisas. Ainda na parte da manhã, o BC realizou um leilão de compra de dólar e definiu taxa de corte a 1,7090 real. No entanto, a ação da autoridade monetária não influenciou de forma significativa na cotação da divisa estrangeira. "O BC tem uma atuação que pretende ser neutra. Ele não interfere na direção... O impacto que o BC tem (com os leilões diários) é na velocidade do movimento", observou Antônio Madeira, economista da MCM Consultores Associados. (Reportagem adicional de Vanessa Stelzer)

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