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Dólar salta quase 14% na semana apesar de atuações do BC

Por FABIO GEHRKE
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O dólar voltou a disparar nesta sexta-feira, apesar da atuação do Banco Central, seguindo a deterioração das principais bolsas de valores com temores sobre os desdobramentos da crise financeira. A moeda norte-americana saltou 5,58 por cento, a 2,326 reais. A divisa, que subiu 13,69 por cento nesta semana, acumula alta de 22 por cento em outubro, voltando aos patamares registrados há mais de dois anos. "O mercado está bem ruim, e não tem muita coisa de novo", resumiu Luis Piason, gerente de operações de câmbio da Corretora Concórdia, lembrando que a cautela dos investidores antes do final do semana esvaziou a sessão. Os últimos dados disponibilizados da Bolsa de Mercadorias & Futuros mostravam um volume inferior a 2 bilhões de dólares. Os ministros das Finanças e autoridades do G7 (grupo de sete países mais industrializados do mundo) estava reunidos nesta sexta-feira para debater formas de combater coordenadamente a crise financeira global. No final de semana, o Fundo Monetário Internacional discutirá as turbulências dos mercados na sua reunião anual. O Banco Central realizou nesta sexta-feira três leilões de venda de dólares no mercado à vista, procurando derrubar a cotação do dólar com a injeção direta da moeda norte-americana no mercado. No último leilão, anunciado após as 16h, a autoridade monetária definiu a taxa de corte a 2,3180 reais. O BC também realizou um leilão de swap cambial tradicional, vendendo 11.940 contratos com volume equivalente à 589 milhões de dólares. Tais intervenções, no entanto, não foram o suficiente para compensar os péssimos desempenhos das bolsas. "O BC atuou mas não adiantou muita coisa", afirmou Piason. "Ontem, ele conseguiu segurar um pouco (a cotação do dólar) mas hoje o mercado estava muito ruim." As incertezas sobre o futuro da economia mundial derreteram durante o dia os principais índices acionários globais. Mas no final, após o encerramento dos negócios com o câmbio, Dow Jones e S&P 500 fecharam em queda de "apenas" pouco mais de 1 por cento, enquanto o Nasdaq conseguiu terminar no azul. Já a Bovespa caiu quase 4 por cento, a sétima queda consecutiva. "O mercado continua irracional, continua trabalhando com pânico", argumentou Piason, explicando que os mercados derivativos futuros de dólar ajudam a pressionar ainda mais a cotação do dólar à vista. Segundo o gerente, os agentes compram dólares no mercado futuro para se protegerem de uma eventual alta, pressionando a cotação no mercado derivativo que por sua vez se reflete na cotação à vista. "É uma retroalimentação", completou Piason. De acordo com os últimos dados atualizados da Bolsa de Mercadorias & Futuros, os investidores estrangeiros possuíam posição comprada de aproximadamente 5 bilhões de dólares, enquanto as instituições nacionais possuiam mais de 6 bilhões de dólares nestes tipo de contratos. (Reportagem adicional de Jênifer Correa)

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