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Dólar sobe 13% ante real em 2014; alta deve continuar em 2015

Apesar da forte e constante atuação do Banco Central, o dólar fechou 2014 em alta de quase 13% ante o real e deve continuar subindo no ano que vem, com a expectativa de aumento dos juros nos Estados Unidos e redução gradual da presença da autoridade monetária brasileira no mercado cambial. Foi o quarto ano seguido de valorização da moeda norte-americana, que acumulou alta de 60% ante o real no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff. Nesta terça-feira, último pregão regular do ano, contudo, o dólar recuou 1,79%, a R$ 2,65 reais na venda, em meio a ajustes após a escalada recente e ao baixo volume de negócios. Em dezembro, a moeda norte-americana avançou 3,39%, no quarto mês seguido de alta, e no trimestre acumulou alta de 8,61%. No ano, o avanço foi de 12,78%. A expectativa do mercado é que o dólar mantenha a trajetória de alta em 2015, mesmo com a divisa oscilando perto das máximas em quase dez anos. O relatório Focus do BC mostrou na segunda-feira que economistas de instituições financeiras passaram a projetar o dólar a R$ 2,80 no fim de 2015.

Por BRUNO FEDEROWSKI
Atualização:

“Esperamos uma valorização global do dólar, com a perspectiva de alta dos juros nos Estados Unidos. É quase impossível imaginar um cenário em que o real fique imune a isso”, afirmou a estrategista para mercados emergentes do banco Jefferies em Nova York, Siobhan Morden. Os últimos indicadores econômicos dos EUA têm reforçado a percepção de que a recuperação norte-americana segue forte, apesar do fraco crescimento de outras economias importantes, pavimentando o caminho para uma alta dos juros que pode atrair para a maior economia do mundo recursos aplicados em países como o Brasil. No quadro interno, a expectativa é que o BC reduza gradualmente sua atuação no mercado de câmbio, embora deva continuar atuando diariamente no primeiro semestre de 2015. O BC tem intervindo diariamente no câmbio desde agosto de 2013, justamente quando o Federal Reserve, banco central norte-americano, começou a sinalizar que pretendia reduzir seu programa de estímulos monetários. Na época, a oferta diária era de 10 mil contratos de swaps cambiais e o programa incluía também leilões semanais de venda de dólares com compromisso de recompra, os chamados leilões de linha. Em 2014, o BC reduziu sua presença no mercado, eliminando os leilões de linha e passando a ofertar diariamente 4 mil swaps. Entre os agentes financeiros, a expectativa é que, agora, o BC reduza as ofertas diárias de swap e calibre as rolagens para garantir que o estoque desses contratos não cresça muito, preparando o terreno para mais uma redução nas atuações diárias. O presidente da autoridade monetária, Alexandre Tombini, já afirmou que o BC continuará ofertando o equivalente a entre US$ 50 milhões e US$ 200 milhões em swaps cambiais por dia, mas não precisou ainda qual será o montante. Ele também tem afirmado que o atual estoque de swaps, que corresponde a pouco mais de US$ 100 bilhões, já dá conta da demanda por proteção cambial.

“É natural que o dólar seja um pouco pressionado com o BC diminuindo as ofertas de swap, mas ele já indicou que vai fazer isso de forma bastante gradual”, disse o gerente de câmbio da corretora BGC, Francisco Carvalho. Nesta manhã, o BC vendeu a oferta total de até 4 mil swaps pelas atuações diárias, com volume correspondente a US$ 195,1 milhões. Foram vendidos 550 contratos para 1º de setembro e 3,45 mil contratos para 1º de dezembro de 2015. Na véspera, a autoridade monetária também concluiu a rolagem dos swaps que vencem em janeiro, movimentando praticamente todo o lote equivalente a US$ 9,827 bilhões. Nos últimos quatro meses, o BC tem feito rolagens praticamente integrais. O plano do BC de reduzir as intervenções deve ser auxiliado pela melhora da credibilidade fiscal do governo. O ministro indicado para a Fazenda, Joaquim Levy, já disse que perseguirá em 2015 uma meta de superávit primário equivalente a 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) e, nos anos seguintes, buscará a redução da dívida bruta. Essas promessas têm agradado os agentes financeiros, que criticam a condução atual da política fiscal por ser excessivamente expansionista e pouco transparente. Mas operadores ainda querem ver garantias de que esse objetivo será cumprido, uma vez que a avaliação é que o caminho não será fácil. Na segunda-feira, o governo anunciou um pacote de ajustes nas regras de acesso a benefícios trabalhistas e previdenciários que deve gerar economia anual de R$ 18 bilhões. “O dólar vai subir, sem dúvida, mas um ajuste fiscal crível pode amortecer a pressão”, disse o operador de câmbio da corretora B&T, Marcos Trabbold. Nesta sessão, o dólar chegou a cair quase 2,5%, a R$ 2,64, em um movimento amplificado pela briga antes da formação da Ptax de dezembro. A Ptax, que serve de referência para diversos contratos cambiais, fechou a R$ 2,655 para compra e R$ 2,656 para venda.

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