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Dólar sobe 2,16% com piora externa e tira BC do mercado

Às 16h30, a Bolsa de Valores de São Paulo opera em baixa de 2,41%. Em Nova York, bolsas recuam mais de 1%

Por Reuters
Atualização:

O dólar fechou em alta de 2,16% e se aproximou do patamar de R$ 2 reais nesta terça-feira, influenciado pela saída de investidores estrangeiros em nova rodada de turbulência nos mercados internacionais. A moeda norte-americana chegou a R$ 1,9940  na máxima cotação do dia. Diante do movimento, o Banco Central deixou de realizar leilão de compra de dólares, feito diariamente há quase um ano. No mês, o dólar acumula avanço de 5,47%.   Veja também: Wal-Mart tem lucro abaixo do esperado e reduz previsão UBS tem lucro maior, mas faz alerta sobre turbulências Veja o fechamento das bolsas européias Os efeitos da crise do setor imobiliário dos EUA   Desde setembro de 2006, o BC só havia deixado de comprar divisas no mercado em feriados regionais, como o aniversário de São Paulo, quando o mercado de câmbio tinha um dia atípico pela falta de volume. De acordo com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a decisão do BC não indica que a autoridade monetária tenha abandonado a política de acumulação de reservas. "É uma decisão cotidiana do BC, ele achou que não é necessário e, então, não fez (a compra). Não quer dizer que amanhã não vai fazer", disse a jornalistas. Os leilões são os principais responsáveis pelo patamar recorde das reservas, que se aproximam de US$ 160 bilhões. Há um ano, o país tinha US$ 70 bilhões em reservas internacionais. A novidade provocou reações diferentes no mercado. Para Vanderlei Arruda, gerente de câmbio da corretora Souza Barros, a autoridade monetária deixou de intervir "em função da falta de moeda". "Teve muito mais saída do que entrada... e as exportações não fizeram frente a esse movimento", disse. Alexandre Lintz, estrategista-chefe do BNP Paribas no Brasil, vê uma tentativa de acalmar o mercado em um momento de turbulência. "Acho que (a ausência do BC) é questão de volatilidade... o BC sempre colocou que as atuações dependem das condições de mercado, e o mercado lá fora estava bem ruim hoje", comentou. José Roberto Carreira, gerente de câmbio da corretora Novação, chegou a cogitar que a autoridade monetária tenha evitado comprar dólares para manter determinado patamar. "Como ele tem vindo todos os dias (às compras), talvez tenha chegado um nível que demarcou como uma banda virtual. Se o dólar continuar ultrapassando a taxa de 1,98, 1,99 (real), talvez ele dê uma parada", disse. Com a crise no mercado imobiliário de risco nos Estados Unidos (subprime), os investidores saem de ativos de maior risco (ações e mercados emergentes) e migram para ativos mais seguros (títulos da dívida americana). Às 16h30, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) opera em baixa de 2,41%. Em Nova York, bolsas recuam mais de 1%.   Clima de tensão   Nesta terça, algumas notícias negativas pesaram sobre o humor dos investidores. O fundo mútuo Sentinel Management Group, um dos mais antigos (fundado em 1934) e respeitados dos EUA, pediu à Comissão de Negociação Futura de Commodity permissão para suspender temporariamente os resgates. Em momentos de estreese, os gestores não conseguem calcular o preço 'justo' dos ativos que compõem o fundo. Por isso, preferem fechar para resgate, evitando perdas para os investidores.   Mais cedo, o Wal-Mart reduziu projeção de lucro para o ano. Um dos motivos é a crise no mercado de imóveis americano. O fato é que, com a depreciação do preço dos imóveis e o aumento do valor das hipotecas, muitos americanos tiveram uma queda no seu poder de compra. O resultado é uma redução no consumo, o que afeta o resultado de todas as empresas   Já o banco suíço UBS, maior administrador de fortunas do mundo, superou expectativas na divulgação de lucro do segundo trimestre, mas alertou que as turbulências do mercado devem atingir sua unidade de banco de investimento no segundo semestre do ano. Em um alerta explícito sobre o tumulto nos mercados de crédito gerando um grande peso para a instituição, o UBS informou que se as condições turbulentas continuarem pelo terceiro trimestre, a instituição vai "provavelmente ver um resultado muito fraco com operações no resultado do banco de investimentos". O UBS é o primeiro banco a comentar sobre as condições de operação desde que os problemas nos mercados financeiros forçaram bancos centrais a intervir emprestando dinheiro para restaurar a ordem.   Entenda a crise   O mercado imobiliário americano tem um segmento que oferece crédito a pessoas sem renda comprovada e que têm um histórico de inadimplência. É o chamado mercado subprime. No ano passado, nos EUA, com o fim da bolha dos imóveis, os preços destes ativos caíram e houve uma desaceleração da oferta de crédito e de imóveis. Além disso, os juros chegaram ao patamar máximo, elevando o valor das prestações. O resultado disso foi a inadimplência.   Estas empresas que ofereciam crédito no mercado subprime empacotavam estes financiamentos e vendiam a outros investidores. Assim, elas recebiam de volta o valor emprestado e os investidores ficariam com o valor da prestação das hipotecas mais os juros. Contudo, o calote das pessoas que tomaram crédito provocou perdas para estes investidores.   Para compensar estas perdas, eles saíram de mercados mais arriscados (ações) e migraram para ativos de risco menor (títulos do governo americano). Além disso, a aversão ao risco aumenta com as incertezas sobre a extensão desta crise - quanto em crédito imobiliário está na mão de investidores, e quem são estes investidores. O resultado aqui é a queda das ações de empresas.   Não há previsões sobre isso. A única coisa que se sabe é que a aversão ao risco deve continuar.          

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