(Atualização às 18h)
Uma bateria de notícias ruins fez o dólar ter fortes ganhos ante o real nesta quarta-feira, 16. Após a Fitch cortar a nota de crédito e, com isso, retirar o grau de investimento do Brasil, a moeda americana teve forte impulso. Isso em um ambiente já cauteloso, em meio aos receios de que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, possa deixar o cargo e com o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) dando início à elevação dos juros nos EUA.
O dólar à vista fechou em alta de 1,22%, aos R$ 3,9257, após ter chegado a marcar a máxima de R$ 3,9653 (+2,24%) no início da tarde, logo após o anúncio da Fitch. Na cotação mínima da sessãio, vista à tarde, a moeda marcou R$ 3,9156 (+0,96%).
Pela manhã, pesava nos negócios a notícia de que o governo defenderia no Congresso uma meta fiscal de 0,5% do PIB em 2016 - abaixo do 0,7% pretendido por Levy. Os receios de que o ministro, ao ser derrotado nesta questão, possa deixar a Fazenda davam fôlego ao dólar.
O cenário piorou quando a Fitch, no início da tarde, cortou o rating do Brasil de BBB- para BB+, com perspectiva negativa, sacramentando a perda do grau de investimento. Foi a segunda agência internacional de risco, entre as três principais, a tirar o selo de bom pagador do País. Com isso, muitos fundos internacionais ficam impedidos, tecnicamente, de manter investimentos em ativos brasileiros.
No fim da tarde, foi a vez de o Fed anunciar a aguardada alta de juros nos EUA, para a faixa entre 0,25% e 0,50%. A medida fez, em um primeiro momento, o dólar acelerar um pouco os ganhos ante o real. Mas como a decisão já era largamente aguardada, logo depois as cotações desaceleraram.
Bolsa. A Bovespa conseguiu se salvar da tempestade no fim do dia e encerrar a jornada em alta. A Bolsa terminou em alta de 0,32%, aos 45.015,84 pontos. Na mínima, marcou 44.095 pontos (-1,73%) e, na máxima, 45.099 pontos (+0,50%). No mês, cai 0,23% e, no ano, 9,98%. O giro financeiro totalizou R$ 22,412 bilhões. Evento mais aguardado nos últimos meses, a alta de juros pelo Fed ficou em segundo plano.
Após marcar mínimas com a Fitch, a Bovespa começou a devolver a queda até virar para o positivo, batendo máximas durante a tarde. As explicações dos profissionais variaram. No geral, a leitura mais recorrente era de que o rebaixamento do País já estava precificado, com algumas nuances em cada avaliação. Para alguns profissionais, o rebaixamento pode pressionar o Congresso a aprovar medidas importantes para o ajuste fiscal, o que acabou por favorecer a Bolsa.