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Dólar supera R$ 1,70 com agravamento da aversão a risco

Dólar subiu 1,24%, e terminou o dia cotado a R$ 1,7140. Às 17h, a Bovespa estava em queda de 0,98%.

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Por Redação
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O mercado financeiro no Brasil acompanhou o agravamento da aversão a risco no exterior, causado pela deterioração de liquidez (recursos) do banco de investimento Bear Stearns, que acentuou o temor sobre novas baixas contáveis em instituições financeiras norte-americanas. O dólar comercial e as taxas de juros bateram as taxas máximas do dia, enquanto a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) acentuou a queda. No fechamento, o dólar comercial subiu 1,24%, e terminou o dia cotado a R$ 1,7140. Às 17h, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) estava em queda de 0,98%. Veja também:Entenda a crise nos Estados Unidos   O sobe e desce do dólar  Veja os efeitos da desvalorização do dólar Fundo Carlyle Capital está perto do colapso BCs atuam para ajudar mercado de crédito Setor financeiro terá perdas de até US$70 bi no primeiro trimestre JPMorgan e Fed intervêm para socorrer seguradora dos EUA   No mercado internacional, a moeda americana acentuou sua desvalorização acompanhando o declínio dos mercados acionários na Europa e em Wall Street. O dólar caiu ao nível recorde de 98,89 ienes, menor valor em 13 anos (desde setembro de 1995), e mais cedo também recuou abaixo da paridade com o franco-suíço pela primeira vez na história. A moeda norte-americana ainda voltou a registrar nova mínima histórica frente ao euro, que subiu até US$ 1,5690. Contra o franco-suíço, o dólar recuou a 0,9970 francos por dólar. O aumento da aversão ao risco nesta sexta-feira teve início com a notícia de que o Bear Stearns recorrerá, por meio do JPMorgan, à janela de socorro de emergência do banco central dos Estados Unidos (Federal Reserve). O anúncio provocou queda de 45% nas ações do banco, derrubou as bolsas de Nova York e foi gatilho de nova corrida de investidores rumo à segurança dos títulos americanos. Às 17h, o índice Dow Jones cai 1,60% e a Nasdaq recua 2,26%. Durante a tarde, a agência de classificação de risco Standard and Poor's (S&P) rebaixou o rating (classificação de risco) da instituição. Além disso, em discurso, o presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, prometeu que a instituição fará todos os esforços para amenizar os danos provocados pela onda de execuções hipotecárias. O Bear Stearns é uma instituição que tem forte exposição ao mercado de títulos lastreados em hipotecas, e seu presidente-executivo, Alan Schwartz, disse que a posição de liquidez (recursos) do banco se deteriorou significativamente nas últimas 24 horas depois de "rumores do mercado" de que estava com problemas. O dado sobre a inflação ao consumidor nos Estados Unidos (CPI) foi considerado positivo, mas não foi capaz de evitar a intensificação da onda de aversão ao risco. Os fantasmas de quebra de instituições estão no ar novamente e os analistas se perguntam qual será o próximo nome na berlinda. Segundo Carl Lantz, estrategista do Credit Suisse, a notícia significa basicamente que o banco não conseguiu esperar até 27 de março para ter acesso ao novo programa de liquidez do Fed. O JPMorgan, por sua vez, tem na sua história de 209 anos a tradição de ajudar os mercados financeiros durante crises, conforme lembrou Charles Geisst, professor de finanças no Manhattan College. Tony Crescenzi, da Miller Tabak, disse que a ação do Fed com o JPMorgan sobre o Bear Stearns relembra os dias da Grande Depressão dos anos 1930. Tabak afirmou que os bancos regionais do Fed "são autorizados, em 'circunstâncias incomuns e exigentes' e após consultas com a Diretoria, estender o crédito para um indivíduo, uma sociedade, ou uma corporação que não seja uma instituição depositária se, na visão do Federal Reserve Bank, o crédito não esteja disponível de outras fontes e a incapacidade de obter tal crédito afetaria negativamente a economia". "Tais empréstimos eram usados nos anos 1930 (...), mas não foram usados desde então".

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