PUBLICIDADE

Publicidade

Dólar sobe pela 5ª vez seguida e vai a R$ 3,36 com cautela sobre meta fiscal

Mau humor nos mercados globais também ajudou a determinar a alta da moeda americana; Bovespa fechou em leve avanço

Por Lucas Hirata e Silvana Rocha
Atualização:
 Foto: Public Domain

O dólar se firmou em alta no período da tarde e chegou à quinta sessão consecutiva de ganhos, sustentado pela ansiedade do mercado em torno da meta fiscal de 2017 e pela baixa acentuada do petróleo no exterior. As compras defensivas prevaleceram na parte final do pregão, antes do anúncio do governo marcado para hoje, levando a divisa norte-americana ao patamar de R$ 3,36 no mercado à vista. Também contribuiu para o movimento a expectativa pelo relatório de empregos norte-americano, a ser divulgado amanhã, e novos leilões de swap cambial reverso, que já chegaram ao total de cinco operações em julho, com US$ 2,5 bilhões negociados.

PUBLICIDADE

A moeda americana encerrou o dia em alta de 0,78% aos R$ 3,3617. Na máxima, marcou R$ 3,3650 (+0,88%), após cair na mínima aos R$ 3,3209 (-0,44%) quando o petróleo ainda operava em alta lá fora. Em cinco dias, alta acumulada totalizou 4,71%.

Já O Ibovespa - principal índice da bolsa brasileira - fechou em leve alta, de 0,22%, nesta quinta-feira, com as ações da Petrobrás resistindo no azul apesar do tombo do petróleo, embora a piora externa tenha anulado boa parte dos ganhos da sessão.

O forte recuo dos preços do petróleo pressionou Wall Street, embora o S&P tenha quase zerado as perdas perto do fechamento. O Brent teve a maior queda percentual diária desde fevereiro, perdendo 4,92%.

No centro de debate sobre a meta fiscal está a repercussão do número projetado sobre o governo, ainda interino, de Michel Temer. Conforme apurou o Broadcast, a área econômica defende um déficit de até R$ 150 bilhões, mas há na área política quem defenda a repetição da meta deste ano, de rombo de R$ 170,5 bilhões. Enquanto isso, o presidente em exercício, Michel Temer, teria determinado que a equipe econômica feche a meta sem elevar impostos, segundo fontes, embora essa decisão possa dificultar o trabalho para reduzir o buraco nas contas.

"Há muito mais em jogo do que apenas o número da projeção para o ano que vem", afirmou o gerente de mesa de derivativos de uma corretora. "Dependendo do que for anunciado, o governo pode atrair oposição do mercado, por causa do tamanho déficit", acrescentou.

Do lado externo, o petróleo registrou perdas de mais de 4,5% na sessão vespertina, pressionando o dólar sobretudo no começo da tarde, disse o operador José Carlos Amado, da Spinelli Corretora. A commodity virou para o lado negativo depois do meio-dia, reagindo à queda menor que a esperada nos estoques semanais norte-americanos de petróleo bruto.

Publicidade

Além disso, começa a crescer no mercado a expectativa em torno do relatório de emprego norte-americano de junho, que é visto como um termômetro para o ritmo de aperto monetário do Federal Reserve. A previsão de analistas é que o documento, que será conhecido amanhã, mostrará geração de 165 mil postos de trabalho no mês, após criação de apenas 38 mil empregos em maio. Outro fator que influenciou o preço do dólar foi leitura de que o Banco Central continuará a reverter sua posição em swap cambial tradicional. 

De acordo com um operador de câmbio, as captações fechadas hoje de US$ 500 milhões em bônus de 10 anos da Suzano Papel e Celulose e de US$ 3 bilhões com reabertura de bônus 2021 e 2026 da Petrobras geram expectativas de algum ingresso de recursos, ainda que parcial, no mercado doméstico, ajudando a limitar a alta da moeda americana.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.