23 de novembro de 2012 | 19h11
O dólar caiu 0,79 por cento, encerrando a 2,0819 reais na venda, na maior baixa diária desde o dia 31 de agosto, quando a divisa norte-americana caiu 0,81 por cento ante o real. Mesmo com o recuo, o dólar manteve-se no maior nível desde o dia 15 de maio de 2009, quando encerrou em 2,109 reais.
Durante a manhã, a moeda atingiu a máxima de 2,1180 reais, após declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, de que o câmbio está "numa condição razoável", mas "não ainda totalmente satisfatória", em uma indicação de que o governo estaria disposto a deixar o real desvalorizar-se em relação ao dólar para dar competitividade à produção nacional.
Logo após o pico de alta, o BC anunciou leilão de swap cambial tradicional - equivalente a venda futura da moeda norte-americana-, levando o dólar a reverter a tendência e chegar a mínima de 2,0815 reais.
Na visão de analistas e segundo uma fonte do governo, o objetivo da atuação foi evitar movimentos "artificiais".
"A alta do dólar estava atingindo velocidade e era bem especulativa, nesse caso o BC tinha que atuar. Não havia um motivo sequer para o dólar subir tudo isso. O BC colocou ordem no mercado", disse o operador de câmbio da B&T Corretora Marcos Trabbold.
A aparente queda de braço entre Mantega e o BC deixou os investidores se perguntando se as autoridades continuarão mantendo a banda informal de 2 a 2,10 reais, na qual o dólar tem sido negociado desde o começo de julho.
"Mais do que olhar para o teto da banda, o BC olhou para a especulação do mercado", acrescentou o operador, que acredita que ser difícil avaliar se há um novo teto para a banda informal.
Na véspera, o presidente da BC, Alexandre Tombini, já tinha afirmado que, se fosse preciso, o órgão poderia intervir no mercado de câmbio para dar liquidez, já que no final do ano é comum ter uma menor oferta de dólares.
No entanto, declarações de outras autoridades do governo têm sugerido a disposição do governo de ter um real mais desvalorizado para impulsionar a vacilante indústria brasileira. Além da fala do Mantega nesta sexta-feira, a presidente Dilma Rousseff também sugeriu no início da semana que o real não estava desvalorizado o suficiente.
Tais declarações, somadas a uma piora do quadro internacional, ajudaram a tirar o dólar de patamar próximo a 2,02 e 2,03 reais no qual foi negociado por vários meses para perto de 2,10 reais, alimentando especulações no mercado sobre se o BC atuaria para defender o que, até então, era amplamente visto como teto.
Na última vez em que o dólar atingiu o nível de 2,10 reais no intradia, em 28 de junho, a autoridade monetária interveio também por meio de swaps cambiais tradicionais, puxando o dólar para abaixo de 2 reais.
Nesta sessão, no entanto, o dólar já abriu acima de 2,10 reais, descolado da cena externa. No leilão de swap cambial tradicional, o BC vendeu 32.500 contratos da oferta de até 62.800 contratos, que vencem no próximo dia 3, quando expiram 62.800 contratos de swap reverso.
"Hoje o BC fez o swap cambial quase na mesma hora em que o Mantega afirmava que o câmbio não está totalmente satisfatório. Não só o mercado está tumultuado como está o governo", destacou Alvaro Bandeira, diretor da Ativa Corretora.
Com a queda desta sessão, a divisa registrou estabilidade na semana. Já no acumulado do mês, o dólar mostra valorização de 2,54 por cento frente ao real, evidenciando uma trajetória de alta consistente, que fez com que a cotação mudasse de patamar para acima de 2,08 reais.
"Acredito que o dólar pode ficar um pouco mais comportado agora e se manter na banda entre 2 e 2,10 reais. Não vejo muitos motivos para que continue a subir, mas há muita incerteza", disse ainda Trabbold.
A sessão desta sexta-feira for marcada pelo baixo volume devido ao fim de semana prolongado nos Estados Unidos pelo feriado do Dia de Ação de Graças.
Segundo dados da BM&F, o giro financeiro nesta sexta-feira ficou em 1,666 bilhão de dólares, abaixo da média dos últimos dias de 2 bilhões de dólares.
(Reportagem de Danielle Fonseca, Reportagem adicional de Alonso Soto; Edição de Raquel Stenzel)
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