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Dólar vai a R$1,738, menor nível desde março de 2000

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Por Silvio Cascione
Atualização:

A entrada de recursos no país, que se recuperou em outubro após o auge da crise de crédito no exterior, fez o dólar encerrar o mês no nível mais baixo desde março de 2000, a 1,738 real. A queda acumulada em outubro foi de 5,29 por cento. A baixa desta quarta-feira --quinta seguida-- foi de 0,86 por cento. O mercado de câmbio voltou a receber em outubro um volume expressivo de capitais após dois meses mais equilibrados. Além da balança comercial, que manteve o superávit, foi destaque a vinda de recursos para operações com ações. Um exemplo foi o IPO (oferta pública inicial de ações) da própria Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que bateu recorde no país com volume de bilhões de reais e participação expressiva de investidores estrangeiros. "O fluxo de IPO para o Brasil ainda está aumentando, e o país está alcançando agora o ciclo de crescimento visto na região (América Latina) nos últimos três anos", escreveu o banco de investimento norte-americano JPMorgan, apostando na continuidade da valorização do real. Outro fator que contribuiu para a queda do dólar, na opinião de agentes de mercado, foi a interrupção do ciclo de cortes da taxa básica de juros no Brasil. Isso tornou mais atrativos os papéis brasileiros, que mantêm um rendimento maior em comparação com ativos de outros países. A tendência para as chamadas operações de arbitragem foi ainda reforçada nesta quarta-feira, após o fechamento do mercado de câmbio, com o corte de mais 0,25 ponto percentual da taxa básica de juros norte-americana pelo Federal Reserve. A convergência de tantos fatores pela queda do dólar torna difícil a previsão sobre um possível piso para a taxa de câmbio. Para Renato Schoemberger, operador da Alpes Corretora, "o mercado talvez esteja olhando níveis de 1,50 (real) no câmbio para daqui a 2 meses". Para ele, o fluxo cambial vai se sustentar nos próximos meses. "No final de ano geralmente tem envio de recursos para fora, através de remessa de lucro (por exemplo), mas acho que ainda não é suficiente para haver uma reversão de fluxo". Roberto Padovani, economista-chefe do Banco WestLB do Brasil, tem uma previsão mais comedida. "Minha projeção para o ano que vem é dólar a 1,65 (real). Então, qualquer coisa entre 1,65 e 1,75 é onde eu acho que ele vai operar. Para o próximo mês, eu acho que ele vai testar 1,70", comentou. A queda do dólar não tem encontrado muita resistência mesmo após a retomada dos leilões de compra promovidos pelo Banco Central no mercado à vista. Nesta quarta-feira, o BC aceitou ao menos duas propostas, segundo operadores, e definiu taxa de corte a 1,7389 real.

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