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Dólar volta a cair e governo Duhalde nega plano

Por Agencia Estado
Atualização:

Enquanto a cotação do dólar durante nesta quarta-feira recuava a até 2,85 pesos, a equipe do governo de Eduardo Duhalde parecia não se entender sobre os preparativos de um plano econômico para ser apresentado à missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) que chega à Argentina na segunda-feira. De manhã cedo, o secretário-geral da presidência, Aníbal Fernández, afirmou que, quando a missão desembarcar em Buenos Aires, o governo apresentaria uma série de medidas a serem elaboradas ao longo deste feriado. O objetivo dessas medidas seria conter, além da escalada do dólar, os preços dos produtos da cesta básica. Na Casa Rosada, extra-oficialmente, afirmava-se que o governo poderia reduzir o Imposto de Valor Agregado (IVA) de 21% para 15% para alguns produtos alimentícios. Além disso, estudava-se elevar de 10% para 20% a retenção para todas exportações. O plano já estava sendo chamado de "Plano Semana Santa". Mas, no fim da tarde, o Ministério da Economia desmentia qualquer hipótese de elaboração de um pacote. Na sede do ministério - um edifício separado da Casa Rosada apenas pela rua Hipólito Yrigoyen -, as referências sobre Fernández variavam entre "ele é um mero contínuo" e "não entende nada de nada". A indefinição sobre um possível plano econômico, porém, não interferiu no comportamento do mercado financeiro. Hoje foi dia de resgatar um velho ditado popular, da época da hiperinflação, em 1989, para adaptá-lo às oscilações da cotação da moeda americana: "O dólar não desce. Ele se agacha para dar um novo pulo". A expressão era usada para explicar a leve queda registrada pelo dólar ontem, que acabou fechando a 2,94 pesos. O comportamento do mercado também deu a impressão de que a histeria na procura pela moeda americana - ocorrida nos dois primeiros dias da semana - já teria acabado. Na segunda-feira, o dólar chegou a 4 pesos. Na terça, fechou em 3,15 pesos. Analistas afirmam que ainda é cedo para cantar vitória, e que a leve queda registrada ontem foi causada pela intervenção indireta do Banco Central ao longo da semana, distribuindo dólares nos bancos e nas casas de câmbio. Tanto que milhares de pessoas voltaram a invadir o centro financeiro de Buenos Aires, ansiosas por comprar dólares. Essa região da cidade transformou-se num caos. Às filas de interessados em dólar somaram-se grupos de enfurecidos correntistas que têm seus depósitos semicongelados dentro do "corralito". Os grupos protestaram usando roupas lembrando a Paixão de Cristo. "Esta é nossa Via Crúcis", afirmavam os manifestantes. O governo respirará aliviado por alguns dias a partir de amanhã, quando começa o feriado de Semana Santa e por causa disso os bancos e doleiros estão fechados. Logo depois virá o fim de semana, e na segunda-feira o governo ainda estará protegido da especulação sobre a moeda norte-americana por causa do feriado das Malvinas, data em que se comemora a invasão argentina ao arquipélago, em 1982. Somente na terça-feira o governo terá que se preocupar com a cotação do dólar. No mercado financeiro, os rumores se concentravam na possibilidade de uma nova lei de conversibilidade econômica, que estaria sendo analisada na Casa Rosada. A informação era de que uma nova conversibilidade não retomaria a paridade de um a um que vigorou entre março de 1991 e janeiro de 2002, mas passaria a ter uma relação entre 3 ou 4 pesos para cada dólar. Leia o especial

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