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Dólar volta a ser foco de atenção na Argentina

Por Agencia Estado
Atualização:

Depois de passar seis meses sem a atenção dos investidores e analistas, o mercado cambial da City portenha voltou ao centro das atenções e o dólar saltou de 2,80 para 2,96 pesos em apenas cinco dias. Apesar desta alta, no mercado não se percebe a tensão registrada menos de um ano atrás, quando a divisa encostou na casa dos 4 pesos. Os analistas atribuem a mudança de tendência do dólar a fatores sazonais e, embora acreditem que a moeda tenha tocado um novo teto, descartam a possibilidade de uma disparada da divisa. "O Banco Central tem reservas suficientes para amortizar as volatilidades. Acredito que a entidade não deve deixar que o dólar supere os três pesos", afirmou o analista da consultoria Exante, Aldo Abram. O analista da casa Câmbio Internacional, Raúl Sáez, acredita que será difícil que o dólar supere a barreira psicológica dos três pesos. "Evidentemente, na semana passada houve um tipo de cobertura por parte de empresas e bancos. O dólar está buscando um novo piso, próximo aos 2,90 para mover-se entre os 2,90 e três pesos. Mas não o vejo ir além disso", opinou. Já o operador da casa de câmbio ABC Mercado de Câmbio, José Nogueira, levantou dúvidas sobre se é essa a estratégia do BC ao dizer que "ainda não se sabe o quê o Banco Central quer: se procura estabelecer um novo teto para o dólar em 3 pesos e um piso em 2,90 ou se quer que a divisa suba mais". A maioria dos analistas de mercado sinalizam que a estratégia do Banco Central é manter o dólar acima de 2,90 mas sem ultrapassar a casa dos 3 pesos, valor que resultaira ideal para o governo, porque lhe permitiria arrecadar mais com os impostos cobrados pelas exportações e manteria a competitividade das indústrias que substituem exportações e das exportadoras. O ministro Roberto Lavagna confirmou que está contente com a alta do dólar ao afirmar, ontem, que "o dólar na Argentina teve manter uma relação com o que acontece nos países que são nossos sócios comerciais, como Brasil", onde a moeda já se encontra na casa dos 3 reais, numa paridade quase similiar com o peso. Os analistas observam de perto as variações da moeda no Brasil porque consideram que uma mudança brusca do real é uma ameaça para a estabilidade do peso. Um dia depois do real começar a subir, na semana passada, o peso seguiu o mesmo caminho. Os analistas explicam que existem muitas variáveis provocando a alta do dólar na Argentina: menor oferta de dólares por parte dos exportadores que estão retendo suas vendas; o aumento da demanda de grandes empresas que estão pagando suas dívidas no exterior ou que decidiram mudar suas posições de pesos para dólares; e os pequenos investidores que, desalentados pelas baixas taxas de juros oferecidas pelos bancos, decidiram voltar ao dólar. Alguns analistas acreditam que a alta do dólar poderá provocar uma reversão na tendência de baixa dos juros, um argumento a mais para que descartem um corrida ao dólar. Aldo Abram afirma que o "mercado cambial e monetário está se acomodando ao fato de que a demanda sazonal de pesos deixou de crescer, como sucede em todo meio do ano. Além disso, com a taxa de juros atual, os investimentos em moeda local perdem a atração".

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