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Dona da Samarco revisará projeções

BHP Billiton é sócia da Vale na mineradora que provocou acidente em MG; Fitch colocou em perspectiva negativa a nota da joint venture

Por Vinicius Neder
Atualização:
Distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG), foi atingido por lama da Samarco Foto: Douglas Magno/AFP

RIO - A mineradora anglo-australiana BHP Billiton, sócia da Vale na mineradora Samarco, informou ontem que sua projeção de produção de minério de ferro para o ano fiscal de 2016 está em revisão, enquanto a agência de classificação de risco Fitch colocou em perspectiva negativa a nota da joint venture entre as duas gigantes da mineração por causa do acidente na mina Germana, em Mariana (MG), semana passada.

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O rompimento da barragem de dejetos minerais deixou pelo menos dois mortos e contaminou o Rio Doce, que deságua no litoral do Espírito Santo.

Entre as gigantes da mineração, a Vale é a maior produtora de minério de ferro. Já a BHP é a terceira, atrás da Rio Tinto, e, por isso, o peso das operações da Samarco é maior para a anglo-australiana.

Por causa do acidente, as ações da BHP fecharam em baixa de 5,6% no pregão de ontem na Bolsa de Sydney. Na BM&FBovespa, as ações da Vale caíram 4,7% (ON, com direito a voto) e 1,23% (PNA, sem direito a voto).

No comunicado, a BHP informou que seu presidente, Andrew Mackenzie, e o chefe da divisão de minério de ferro da empresa, Jimmy Wilson, virão ao Brasil para acompanhar as investigações do desastre. O Estado apurou que o presidente da Vale, Murilo Ferreira, foi a Mariana no fim de semana e deverá voltar ao local do acidente amanhã, para acompanhar Mackenzie.

Ao anunciar a revisão da meta de produção para 2016, a BHP ressaltou que a Samarco contribui com 3% da geração de caixa de todo o grupo. Segundo Pedro Galdi, analista independente do blog WhatsCall, a produção anual de 16 milhões de toneladas de minério de ferro que cabem à BHP na operação da Samarco respondem por cerca de 5% da produção total da mineradora anglo-australiana. No caso da Vale, a Samarco responde por 0,5% da produção. "Para a Vale, não é nada", disse Galdi.

Já no mercado de pelotas (bolinhas de minério usadas na produção de aço), o peso da Samarco é relevante na produção global, mas, ainda assim, a Vale é menos afetada. A Samarco é a segunda maior exportadora global de pelotas, atrás da própria Vale, e tem capacidade para produzir 30,5 milhões de toneladas anuais. De janeiro a setembro, a Vale produziu 35,8 milhões de toneladas. A relevância da Samarco no mercado de pelotas poderá elevar os preços internacionais, segundo relatório do banco UBS.

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Para Galdi, o risco maior para a Vale é de imagem, por causa dos impactos socioambientais.

A agência de classificação de risco Fitch justificou a mudança na nota da Samarco alegando que, após os danos, o impacto na produção da mineradora é atualmente desconhecido. Na sexta-feira, a Standard & Poor's (S&P) já havia dado perspectiva negativa à nota da empresa. (Colaborou Mônica Ciarelli) 

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