O consumidor já sentiu no bolso o impacto dos aumentos dos preços dos alimentos e diminuiu as compras. ''''Reduzi as massas e os molhos'''', diz a empregada doméstica Noemia Teles Miranda Machado, de 41 anos, com renda de R$ 900 mensais. Apesar de morar sozinha e ter casa própria, ela conta que os dois netos são vizinhos e a visitam com freqüência. ''''Preciso ter iogurtes para as crianças.'''' Por isso, os gastos mensais com alimentação são elevados, e hoje estão em R$ 350. No ano passado, com os preços mais baixos, ela desembolsava R$ 250. Em 12 meses até agosto, o leite e os derivados subiram 33,7%; a carne bovina, 12,8% e o café, 18,1%, segundo dados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A redução nos volumes comprados associada à aproximação do período de safra, época de maior produção dos produtos agropecuários, já mostrou uma queda no ritmo de alta dos preços dos alimentos no curto prazo. No IPCA-15, divulgado na semana passada, e uma prévia do IPCA fechado para setembro,o grupo alimentação desacelerou: subiu 0,87% ante 1,61% em agosto. Mas a variação dos alimentos ainda é o triplo da inflação geral medida pelo índice, que foi de 0,29% para o período. Com renda mensal de R$ 700, a empregada doméstica Francisca da Silva, de 36 anos, reduziu os volumes para frear os aumentos de preços. ''''Se antes comprava cinco litros de leite, agora levo três'''', afirma Francisca.