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Dornbusch responsabiliza FHC

Por Agencia Estado
Atualização:

"Estamos prestes a ver um colapso da economia do Brasil até o final do ano". Essa é a avaliação de Rudiger Dornbusch, um dos principais economistas da atualidade. De passagem por Genebra para uma série de conferências, o professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT) culpa o presidente Fernando Henrique Cardoso pela futura crise que atingirá o País. De acordo o economista, FHC se "utilizou das privatizações para financiar sua reeleição e agora deixará uma dívida social e fiscal enorme para o próximo governo". "Se estamos buscando um especulador para culpar pela situação do Brasil, esse especulador é Fernando Henrique Cardoso", disse Dornbusch. Segundo ele, as crises financeiras dos últimos anos têm mais relação com os problemas internos dos governos que com o mercado internacional de capitais. "O problema não é o mercado financeiro, mas uma série de governos da região latino-americana que se autodominam democráticos", disse Dornbusch. Para a ele, as reeleições não estão sendo benéficas para a população. "Espero que as pessoas comecem a se dar conta de que os segundos mandatos dos presidentes latino-americanos tiveram um preço bastante alto", disse. Para o economista, a solução para enfrentar crises financeiras não é a aplicação de uma taxa permanente sobre o fluxo de capital estrangeiro, como costuma defender o presidente brasileiro. Dornbusch acredita que, em situações de crise, os governos devem se utilizar de mecanismo limitados de controle de capital para evitar um colapso. O controle do fluxo de capital seria utilizado apenas por duas semanas, até que o governo pudesse tomar medidas necessárias para combater a crise. "O fator tempo é essencial. Não adianta mandar uma missão do FMI assim que explode uma crise. Deve-se dar tempo para o governo responder ao desafio e para que o valor do câmbio se estabilize", disse o economista. Polêmico Rudiger Dornbusch sempre foi conhecido por opiniões controvertidas e polêmicas. Defensor da dolarização ou dos regimes de ?currency board? para os países da América Latina ? sistema de câmbio fixo com lastro nas reservas internacionais do país ? ganhou a antipatia de muitos governos com palpites considerados estapafúrdios por alguns economistas. Uma de suas recomendações mais polêmicas ocorreu em 1999, quando sugeriu ao México fechar o Banco Central para se livrar da desordem econômica e financeira dos últimos 20 anos. Segundo ele, com as portas do BC fechadas, as taxas de juros cairiam, o capital começaria a fluir e todos nos Estados Unidos estariam dispostos a fazer investimentos diretos. Há poucos meses, o economista também atiçou o nacionalismo argentino ao recomendar uma intervenção econômica no país, segundo ele, onde as instituições estão praticamente desintegradas. E ainda disparou ofensas aos ex-presidentes De la Rúa e Menem, além do atual, Eduardo Duhalde. Seis anos atrás, porém, ele sustentava que o então ministro da Economia Domingos Cavallo havia instaurado uma nova Argentina. Na época, dizia que o plano de conversibilidade havia tirado a taxa de câmbio da pauta de discussões de uma vez por todas. O economista, no entanto, viu suas profecias ruírem. A relação com o Brasil também sempre foi cheia de altos e baixos. Primeiro criticou e decretou o colapso do real valorizado, em 1996. Dizia que o Plano Real não passava de uma ficção cambial. Era só cortar a corrente da âncora cambial (pondo fim a uma sobrevalorização do real de até 40%, dizia ele) que o programa de estabilização iria pelos ares da noite para o dia. No mesmo ano, previu ?anos maravilhosos para o Brasil? e mais tarde voltou a criticar. Em 2000, no entanto, mudou de idéia e afirmou que a economia do País era a mais estável da América Latina. Dornbusch também foi defensor do calote por parte de alguns países com problemas. No ano passado, em artigo publicado no Estado, elogiou a economia da Rússia, que em 1998 anunciou que não honraria suas dívidas.

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